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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou ontem que “tudo indica” que a pasta terá que aumentar suas projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024. Para este ano, a projeção atual é de avanço de 2,5% do PIB. O ministro fez as declarações ao participar de reunião com representantes da indústria alimentícia no Palácio do Planalto. No encontro, a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia) anunciou investimentos de R$ 120 bilhões até 2026 em novas fábricas, pesquisas e inovação.
Haddad falou depois do presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Aloizio Mercadante, que já havia previsto uma revisão para cima do crescimento e ratificou a fala do colega. “O Aloizio falava agora há pouco que a Fazenda talvez tenha que rever a projeção do PIB deste ano, o que é provável que aconteça”, explicou Haddad. Em seguida, o chefe da equipe econômica disse que as estimativas levam em conta inclusive o impacto provocado pela crise no Rio Grande do Sul.
“Nós sempre somos parcimoniosos [com as projeções do PIB] porque a gente não quer sofrer revés. Mas tudo indica que, mesmo com a calamidade do Rio Grande do Sul, que afetou um Estado que responde por quase 8% do PIB brasileiro, a economia não parou de crescer. Mesmo com a trava externa, as preocupações com o Fed (Federal Reserve, o banco Central americano), a repercussão no nosso BC (Banco Central) aqui, a economia continua crescendo”, complementou o titular da Fazenda.
Presente na reunião, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou o comentário do seu auxiliar para defender, mais uma vez, a distribuição do PIB como forma de gerar um crescimento mais robusto do que o previsto. Na avaliação dele, o país pode ultrapassar a taxa de 2,5% de crescimento em 2024 caso os recursos injetados pela gestão petista comecem a “rodar”.
“O que queremos é fazer com que o dinheiro circule, é por isso que aumentamos o salário mínimo de acordo com o PIB. […] Agora o mercado começou dizer que vamos crescer 1%, depois passa pra 1,5%, aí vai pra 2% e, agora, os mais pessimistas já estão falando em 2,5% [de crescimento]. Se o dinheiro que colocamos em circulação nesse país tiver rodando, a gente vai crescer mais do que 2,5%”, acrescentou o presidente.
De acordo com o boletim Focus, divulgado semanalmente pelo BC, analistas do mercado financeiro projetam crescimento de 2,11% para este ano. A estimativa é semelhante à divulgada ontem pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que reviu para baixo a previsão para a variação do PIB brasileiro neste ano, para 2,1% – 0,1 ponto percentual abaixo da última avaliação, de abril.
Na fala de ontem, o presidente mencionou de forma indireta as oscilações recentes do dólar frente ao real brasileiro. Segundo o presidente, o “povo pobre” não compra dólar e, sim, comida. Apesar do comentário, a cotação da moeda americana tem impacto em outros preços da economia brasileira, inclusive de alimentos.
No encontro, Lula também pediu que os empresários do setor alimentício que confiem no que o governo federal “está fazendo” ou o Brasil não irá “dar certo”. Neste sentido, Lula voltou a repetir que “não existe mágica” quando o assunto é “política econômica”.
“Esse país está pronto, está preparado para dar um salto de qualidade, já foi muito destruído, vítima de muitas enganações e a gente não quer enganar ninguém. Política econômica não tem mágica, não existe mágica. Ou vocês confiam naquilo que a gente está fazendo, e vocês apostam na capacidade produtiva ou não dá certo”, disse.
Por fim, o presidente criticou aqueles que vivem de dividendos em vez de gerarem renda a partir do trabalho. Na avaliação de Lula, somente o trabalho é capaz de fazer a economia girar no Brasil. “Esse país precisa parar de ter gente vivendo de dividendos e ter gente vivendo de trabalho, de geração de emprego, de geração de renda, porque é isso que faz a economia girar”, emendou.
Fonte: Valor Econômico

