O subsecretário da Dívida Pública, Otavio Ladeira, afirmou que as turbulências recentes observadas no mercado impactam menos as emissões externas do Tesouro Nacional, porque os investidores não residentes têm “leitura positiva de Brasil”.
A declaração foi feita em coletiva de imprensa para comentar o resultado da Dívida Pública Federal de julho e a revisão nos parâmetros do Plano Anual de Financiamento (PAF) da dívida.
“Mercado internacional tem leitura benigna de Brasil, alinhado às falas das agências de classificação risco. Então, essas turbulências no cenário internacional mencionadas tendem a ter efeito menor [em emissões externas]”, explicou Ladeira. As turbulências mencionadas foram em relação à alta de juros no Japão e à eleição da nova presidente do México.
Ladeira disse, ainda, que a recente emissão feita ontem pela PetrobrasCotação de Petrobras mostra que “há apetite grande por emergentes e por Brasil”.
Questionado se isso significaria uma nova emissão externa soberana neste ano, Ladeira falou que o tema está em análise, mas que o último quadrimestre tende a ser positivo para o Tesouro. “Não estou falando de fazer ou não novas emissões [externas]. Estou falando que o último quadrimestre tende a ser positivo. Se vamos ou não ao mercado internacional, é análise que faremos posteriormente.”
Ladeira afirmou também que “a tendência é que haja um aumento” da emissão dos títulos do Tesouro Nacional no segundo semestre. Segundo o subsecretário, vem sendo “pouco” observada neste ano a busca “por proteção” por meio de títulos do Tesouro. Essa proteção era buscada no ano passado, via bancos, por emissores de debêntures incentivadas. “Isso gerou uma demanda forte, inesperada pelos nossos títulos [em 2023]”, disse.
Neste segundo semestre, até o momento, o Tesouro Nacional observa “menor emissão” de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs), Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e debêntures incentivadas e “consequentemente” maior procura por títulos do próprio Tesouro. Ladeira citou como exemplo a “boa demanda” pelos papéis leiloados ontem pelo governo federal.
Na entrevista, o subsecretário também destacou que a emissão de títulos pela União para pagar despesas primárias em 2024 “está em praticamente zero”, o que “dá bastante tranquilidade para gestão da dívida pública”.
Ele comentou também que o Tesouro Nacional decidiu emitir mais títulos atrelados à taxa Selic devido à “demanda bastante diferente da prevista” no início do ano, quando o PAF da dívida pública de 2024 foi divulgado.
“Período de janeiro a agosto foi distinto ao que imaginávamos [em janeiro]”, disse Ladeira em coletiva de imprensa. Ele citou como exemplo as variações esperadas em relação à política monetária dos Estados Unidos, que variaram muito ao longo do ano, o que se refletiu na curva de juros do Brasil.
Outro fator, disse, foi a “elevação inesperada dos juros no Japão, que levou diversos investidores a desfazerem operações de “carry trade”. “Isso afetou moeda e curva de juros no Brasil.”
Mais recentemente, ele disse que aconteceram eventos no México que “alteraram a percepção de risco daquele país”, o que reflete nos demais países da América Latina.
No cenário doméstico, houve redução da demanda por NTN-B, o que não era esperado pelo Tesouro Nacional no início do ano. “Esses eventos citados explicam maior demanda por LFT”, disse o subsecretário.
“Em função da demanda bastante diferente da prevista, Tesouro decidiu emitir mais títulos atrelados à Selic, que possuem prazo médio de emissão de cinco anos”, explicou. “Esperamos com esses novos limites do PAF evitar pressões [no mercado] e garantir bom funcionamento do mercado”, completou.
Ainda segundo Ladeira, os vencimentos de títulos da dívida que remanescem são pouco expressivos até o fim do ano, já que a última grande torre venceu agora em setembro. “Atualmente, estamos com caixa de R$ 60 bilhões acima do previsto no PAF. Vencimentos remanescentes são bem menos expressivos. Temos vencimentos reduzidos [até dezembro], em menos de R$ 100 bilhões, e caixa confortável”, destacou.
O subsecretário explicou que as revisões do PAF acontecem de maneira ordinária nos meses de abril e agosto, mas nem sempre resultam em revisão dos números. Foi o que aconteceu em 2023.
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Fonte: Valor Econômico

