Por Lu Aiko Otta — De Brasília
02/09/2022 05h01 Atualizado há 4 horas
Com mais quatro anos, “seguramente” o governo de Jair Bolsonaro (PL) vai zerar o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), disse ontem o ministro da Economia, Paulo Guedes, no Fórum Desoneração da Folha de Pagamento, promovido pelo Instituto Unidos Brasil.
No atual governo, as alíquotas foram cortadas em 35%, mas a medida é analisada no Supremo Tribunal Federal (STF) por causa de seu impacto sobre a Zona Franca de Manaus. Guedes, porém, sempre defendeu a extinção do imposto, que considera um dos responsáveis pela desindutrialização do país.
O ministro acrescentou que as reformas administrativa e tributária podem ser aprovadas “ainda este ano”, se houver reeleição. Questionado se seguiria defendendo as reformas em caso de derrota, ele afirmou que “não trabalha com essa hipótese”.
Disse ainda que o atual governo precisa de dois mandatos para consertar o que foi feito no governo “A”, que teve dois mandatos, e no “B”, com igualmente dois mandatos. Por causa da legislação eleitoral, ele não pode mencionar os nomes.
Em outro evento, no Rio, Guedes afirmou que o resultado do PIB do segundo trimestre faz parte uma “onda” de investimentos a longo prazo, e citou as reformas estruturais promovidas pelo governo. Ele destacou, no entanto, o “empurrão” do comércio e da população que, segundo ele, estava esperando a “vacinação em massa” e o retorno “seguro” ao trabalho (ver também pág. A4).
O ministro destacou que o resultado poderia ter sido melhor se a economia não estivesse com “freio de mão” puxado pelos juros mais altos para conter a inflação. De acordo com o ministro, o cenário deve ser outro em 2023. “Olhando para frente, para o ano que vem, é inflação em baixa e os juros descendo”, afirmou Guedes na Feira do Empreendedor.
Depois da repercussão negativa de uma fala sua na semana passada em que falou em “chinesada”, referindo-se à concorrência com produtos industrializados importados da China, o ministro da Economia afirmou que não utilizará mais o termo, que é considerado ofensivo.
“Os chineses são muito bem-vindos quando investem”, disse. Depois, lembrou da fala do presidente Jair Bolsonaro, ainda na campanha de 2018, pela qual os chineses poderiam comprar no Brasil, mas não comprar o Brasil. Para o ministro, o ideal seria que, em vez de o país importar produtos da China, fábricas chinesas se instalassem aqui.
Num evento promovido por empresas dos setores de comércio e serviços, o ministro evitou aprofundar avaliações sobre a principal reivindicação delas: a desoneração da folha salarial.
Encargos trabalhistas são armas de destruição de massa de empregos, disse.
Citando o ex-presidente do Sebrae Guilherme Afif Domingos, Guedes afirmou que “salário é pouco para quem ganha e muito para quem paga.”
“O tema mais importante aqui é desoneração da folha”, comentou. “Eu vou falar nisso antes das eleições? Esquece!”
A proposta do governo, porém, já é conhecida, disse. “Então, é sonhar com a verde-amarela”, em uma referência à reforma que flexibiliza encargos trabalhistas e é prometida pelo ministro desde o início do mandato de Bolsonaro, em 2019. (Colaborou Paula Martini, do Rio)
Fonte: Valor Econômico

