É a segunda rodada na empresa de benefícios para funcionários que já recebeu investimento total de R$ 15 milhões em um ano
PorBeth Koike, Valor — São Paulo
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A Green Rock, gestora de venture capital dos fundadores do laboratório SalomãoZoppi (vendido à Dasa), liderou um aporte de R$ 10 milhões na Omni, uma startup de benefício de medicamentos que as empresas podem conceder aos seus funcionários. Essa é a segunda rodada de investimentos recebida pela Omni desde a sua criação, há cerca de um ano, quando recebeu outros R$ 5 milhões.
Da nova injeção de recursos, R$ 7 milhões estão vindo do fundo 2 da gestora que está em fase final de operacionalização e será administrado pelo BTG. A outra fatia de R$ 3 milhões vem de executivos do setor de saúde e de outros mercados.
A Omni foi criada por Fernando Domingues, que também é fundador da Conexa Saúde (plataforma de telemedicina) e Cannect Life (de cannabis) e Leopoldo Veras, executivo com longa passagem por várias empresas de saúde como a e-Pharma, uma das pioneiras em benefício farmácia.
Atualmente, no Brasil, cerca de 2 milhões de pessoas têm um plano de medicamentos concedido por seus empregadores. É uma fatia ainda pequena quando comparada aos Estados Unidos, onde cerca de 266 milhões pessoas têm esse benefício que movimenta mais de US$ 485 bilhões.
O grande diferencial é que nos EUA as operadoras de planos de saúde fornecem remédios aos seus usuários. No Brasil, são apenas determinados medicamentos para tratamentos específicos.
Já houve discussões no Brasil para que as operadoras passassem a conceder o medicamento com o argumento de que um tratamento regular com os remédios poderia reduzir os riscos de piora da doença, internações, etc. Mas não houve avanços. No mercado brasileiro apenas 25% da população têm convênio médico e as operadoras contra argumentam que o custo do plano de saúde ficaria ainda mais alto, caso fossem obrigadas a cobrir medicamentos.
A Omni tem hoje 8 mil usuários de plano de medicamento e pretende chegar ao fim do ano com 50 mil. A startup trabalha com vários modelos de adesão ao programa diante da resistência de algumas empresas em subsidiar o benefício farmácia — um produto que costuma ser ofertado por multinacionais que trouxeram essa cultura de seus países de origem.
A startup brasileira tem como opções a empresa contratante subsidiar 100%, parcialmente ou desconto total em folha de pagamento do empregado. “Hoje, metade da nossa carteira é com as empresas subsidiando totalmente o benefício”, disse Domingues.
Segundo Veras, a Omni cobra um valor fixo por usuário, que varia de R$ 20 a R$ 50, por mês. O funcionário tem um crédito equivalente a 10 vezes o valor da mensalidade para comprar em remédios.
Hoje, a taxa de sinistralidade (uso do produto) está em 58% e a meta é atingir 62% — um patamar considerado lucrativo, mas não tão baixo a ponto de o funcionário ou empresa cancelar por falta de adesão. Esse tipo de problema ocorre com planos odontológicos. “O produto é lucrativo quando a taxa de sinistralidade é de até 70%”, disse Veras.
Diante de um cenário em que o plano de saúde já é o segundo maior gasto das empresas (atrás apenas de folha de pagamento) e há resistência de várias para incluir mais uma despesa, há negociações para troca de benefícios. “Estamos conversando com as empresas para substituir o plano dental pelo plano de medicamentos que têm maior adesão. Mas nas empresas que estão ofertando atualmente o plano medicamento nenhuma tirou o dental ”, disse Domingues.
A fim de evitar uso indiscriminado do programa, o usuário só pode comprar medicamentos com receita. A Omni está desenvolvendo agora programas específicos para mulheres, crianças e destinado à saúde mental.
O funcionário paga o remédio com Pix, por meio de um aplicativo da Omni, usando o crédito que tem no programa. “Apostamos na Omni pela construção de um produto de seguro medicamento completamente inovador, que não depende de rede credenciada e ainda com pagamento via Pix. Isso cria uma facilidade de uso e uma simplificação da utilização que acreditamos ser muito relevante da adoção e, consequentemente, da venda deste produto”, disse Ricardo Salomão, cofundador da Green Rock.
Além da gestora e investidores anjo, a startup recebeu um aporte inicial (seed money) da VEC Investiment que colocou R$ 3 milhões na operação, no ano passado.
Fonte: Valor Econômico