Após setores do mercado financeiro terem ficado confusos em relação à sinalização recente do Banco Central (BC) sobre uma possível alta dos juros, o diretor de política monetária, Gabriel Galípolo, buscou destacar que suas falas recentes não ultrapassam o que foi dito na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Ele também frisou que há coesão entre a mensagem transmitida pelos diferentes diretores do BC e o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto.
“Não há qualquer tipo de reparo em relação a falas anteriores”, disse o diretor em evento, em São Paulo. Ele também afirmou discordar da interpretação de que suas declarações colocaram o BC em um “corner”, ou seja, encurralaram a autoridade monetária em relação ao futuro dos juros. Nesta semana, Luis Stuhlberger, da Verde Asset, havia dito que “depois de tudo que o Galípolo falou, o BC ficou no corner”.
Tanto Galípolo quanto o diretor de política econômica, Diogo Guillen, disseram que não se deve confundir balanço de riscos com uma projeção para a Selic. “O balanço de riscos não deveria ser visto como ‘guidance’ de política monetária, ele é o balanço de riscos sobre a projeção de inflação, e temos tentado ser transparentes sobre ‘guidance’, sobre o que estamos pensando através do comunicado e através da ata”, disse Guillen em outro evento, no Rio.
Galípolo destacou que o BC chegará na próxima reunião do Copom, em setembro, com todas as alternativas na mesa, inclusive de alta dos juros, “como já está na ata”. De acordo com ele, era essa a mensagem que estava buscando transmitir. Ele voltou a dizer, no entanto, que uma posição difícil para a autoridade monetária não é ter que subir juros, e sim ter inflação acima da meta. “Subir juros é cotidiano”, acrescentou.
O diretor afirmou que “de maneira alguma se pensa ou se pode” utilizar a banda de inflação para diminuir o esforço de buscar a meta, que é 3%. Em relação às perspectivas macroeconômicas, disse que o cenário hoje inclui revisões sistemáticas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), crescimento da renda, baixa taxa de desemprego e alta nas previsões de crédito.
“O BC tende a ser mais conservador, não gosta de correr risco”, disse, acrescentando que, assim, o colegiado quer reunir mais informações e, assim, tomar uma decisão sobre os juros. “Estamos dependentes de dados, sem nenhum tipo de guidance”, disse.
Ele reforçou a mensagem de que é um equívoco estabelecer relação mecânica entre câmbio e política monetária. “Campos Neto e diferentes diretores têm dito isso”, afirmou.
Guillen, por sua vez, comentou que o processo de desinflação arrefeceu e disse que a autarquia quer entender como o câmbio vai afetar as projeções de inflação. O diretor observou que há uma deterioração sobre a percepção da situação fiscal, mas ressaltou que o mercado de trabalho segue mais dinâmico do que o previsto.
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Fonte: Valor Econômico

