O G20 deve conseguir um acordo para a criação de uma coalizão internacional para a produção local e regional de medicamentos e vacinas, segundo a ministra da Saúde, Nísia Trindade. A ideia, segundo ela, é reduzir a desigualdade entre os países no acesso à saúde, como observada na pandemia. Naquele momento, 10% das nações receberam no início as primeiras doses da imunização, enquanto a maioria teve que esperar mais tempo. As negociações para o acordo ainda estão em curso e devem ser concluídas até esta quinta-feira (31), no encerramento da reunião dos ministros de Saúde do G20 que é realizada no Rio.
“A principal contribuição esperada é que […] nós tenhamos uma coalizão dos países para a produção local e regional de vacinas e outros medicamentos. Isso será um fato inédito, temos trabalhado para reduzir a desigualdade entre os países”, afirmou ela.
A coalizão será de adesão voluntária e terá foco em doenças negligenciadas. A iniciativa ocorre no contexto de uma das prioridades da presidência brasileira no G20, que é a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. “Não é possível continuarmos com a dependência que se verificou na pandemia.”
No contexto do G20, outro tema prioritário nas discussões é o da influência das mudanças climáticas na saúde da população. No caso da dengue, países que nunca enfrentaram a doença agora são vítimas, afirmou Nísia Trindade. Ela afirmou que as decisões sobre o impacto do aquecimento global devem ser tomadas na esfera da Organização Mundial de Saúde (OMS) – que reúne 194 países-membros -, mas que é possível avançar em busca de um consenso no grupo de 19 grandes economias do mundo mais União Europeia e União Africana para facilitar esse debate posterior. “Queremos aprofundar não só a discussão, mas pensar em conjunto de medidas de mitigação dos efeitos das mudanças climáticas na saúde e com uma discussão de um instrumento para enfrentamento de novas pandemias”, disse Trindade.
No caso do Brasil, Trindade disse que haverá ampliação das cidades com direito à vacina contra dengue, mas que não há mudanças na faixa etária atendida (9 a 14 anos) nem previsão para ampliar o direito para todos. “Que não há vacinas suficientes é dado, mas, como eu disse, temos várias outras estratégias para o combate à dengue”, afirmou a ministra citando medidas de prevenção, diagnóstico precoce e o tratamento adequado.
Trindade disse ainda que há um reforço do combate à dengue nessas diferentes áreas, ao passo em que se aguarda a aprovação de uma nova vacina: “Esta é a situação atual, mas ainda estamos trabalhando com o Instituto Butantan aguardando a possibilidade de aprovação de uma nova vacina para aumentar essa oferta e ter um plano de vacinação mais amplo.” O ministério tem um total de 9 milhões de doses do imunizante para 2025 e o calendário prevê duas doses por pessoa. Apesar de o Brasil enfrentar surtos de dengue nos últimos 40 anos, a escala hoje é maior pelo efeito das mudanças climáticas.
Fonte: Valor Econômico