Financial Intermediary Fund terá como objetivo financiar projetos de países de renda baixa e média
Por Assis Moreira — De Genebra
12/07/2022 05h00 Atualizado há 9 horas
O Brasil é um dos países que poderão receber recursos de um novo fundo criado pelo Banco Mundial para melhor prevenir e responder a pandemias. O fundo terá inicialmente US$ 1 bilhão em recursos.
Ao mesmo tempo em que os países continuam a batalha contra a covid-19, a necessidade de reforçar a segurança sanitária se impôs na agenda dos governos globalmente. O chamado Financial Intermediary Fund (FIF) terá como objetivo financiar projetos de países de renda baixa e média.
“O Brasil, por sua capacidade técnica e científica, qualifica-se para receber os recursos, estamos trabalhando para isso”, afirma Erivaldo Gomes, diretor executivo pelo Brasil no Banco Mundial. “A participação do Ministério da Saúde e de instituições como a Fiocruz, o Butantan e outras instituições de excelência que temos é essencial.”
Durante a pandemia de covid-19, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Instituto Butantan tiveram um papel de destaque em parcerias com laboratórios estrangeiros na produção de vacinas contra a doença. Na fase inicial da atual pandemia, o Ministério da Saúde, esteve no centro de polêmicas e críticas, segundo as quais houve demora na aquisição de vacinas no Brasil. O ministério também foi muito criticado nas fases agudas da pandemia por abrir espaço para defesa de medicamentos sem efeito contra covid.
Para o executivo, parcerias entre instituições e empresas brasileiras com instituições e empresas internacionais reconhecidas podem ser catalisadores de projetos apoiados pelo fundo.
“O objetivo é justamente estarmos melhor preparados para futuras pandemias”, disse Gomes. O Brasil defende a inclusão de doenças tropicais que afetam os países em desenvolvimento, e não somente doenças que podem alcançar os países de economia avançada.
Os compromissos dos países contribuintes somam um valor inicial de pelo menos US$ 1 bilhão para o fundo. Mas a ideia é que o mecanismo receba recursos também do setor privado e de fundações, como a Fundação Gates.
O Brasil defende que a governança do fundo tenha a participação não somente dos doadores, mas também dos recebedores. Os detalhes devem ser fechados até outubro ou, no máximo, na Cúpula do G20, em novembro na Indonésia.
No ano passado, um painel independente propôs ao G20 o que seria um acordo global contra “custos catastróficos de futuras pandemias”, para aumentar os financiamentos internacionais em pelo menos US$ 75 bilhões nos próximos cinco anos – ou seja, o dobro das atuais despesas no setor. A avaliação foi que isso ajudaria a poupar centenas de bilhões de dólares mais tarde.
O painel independente incluiu o ex-secretário de Tesouro dos EUA Lawrence Summers e a diretora-geral da Organização Mundial do Comércio, Ngozi Okonjo Iweala.
Segundo ela, uma crise mais perigosa e mortal pode vir a surgir e cientistas avaliam que isso pode ocorrer em 10 anos ou antes.
Para o grupo, é necessário um monitoramento global para detectar rapidamente os surtos de doenças. Os sistemas de saúde precisam ter capacidade de resposta mais rápida e mais fortes. A falta de abastecimento de vacinas, remédios e outros instrumentos precisa ser corrigida. O financiamento anual de US$ 10 bilhões para a criação do fundo global representaria apenas 0,1% do orçamento anual de boa parte dos países, segundo os proponentes.
Fonte: Valor Econômico