Donald Trump ameaçou nesta quarta-feira (26) impor tarifas de 25% sobre bens da União Europeia (UE), afirmando que o bloco “foi formado para prejudicar os Estados Unidos”.
Esses comentários foram feitos durante a primeira reunião de gabinete do segundo mandato de Trump, que contou com a presença de Elon Musk, o bilionário encarregado pelo presidente de cortar gastos governamentais.
“Tomamos uma decisão e a anunciaremos muito em breve”, disse Trump quando questionado sobre seus planos para as tarifas da UE. “Será de 25% em geral, e isso será aplicado a carros e a todas as outras coisas.”
Os comentários de Trump aumentam a perspectiva de uma ampla guerra comercial transatlântica que pode prejudicar tanto as economias dos EUA quanto a europeia e causar mais danos às já frágeis relações diplomáticas entre os aliados ocidentais.
Na noite de quarta-feira, a Comissão Europeia sugeriu que está disposta a retaliar se Trump impuser as tarifas, afirmando que a UE vai “reagir firmemente e imediatamente contra barreiras injustificadas ao comércio livre e justo”.
Trump também está se preparando para implementar tarifas de 25% sobre os vizinhos dos EUA, Canadá e México, enquanto a Casa Branca tenta controlar a imigração ilegal e o tráfico de fentanil nas fronteiras. O presidente americano prometeu impor tarifas sobre esses dois países e a China desde o começo de seu segundo mandato, mas por enquanto entraram em vigor apenas as medidas contra Pequim.
Durante seu primeiro mandato, o presidente também ameaçou impor várias tarifas que não se concretizaram.
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Trump disse na quarta-feira que as tarifas sobre o Canadá e o México entrariam em vigor em 2 de abril, sugerindo um possível adiamento nas tarifas, que estavam programadas para entrarem em vigor na próxima semana.
“Essa demanda será difícil de satisfazer”, disse Trump após a intervenção de Lutnick.
Mas enquanto Trump falava, Howard Lutnick, secretário do Comércio, interveio para observar que os vizinhos dos EUA ainda precisavam atender às demandas do presidente sobre fentanil, sugerindo que as tarifas ainda poderiam entrar em vigor na semana seguinte.
O ataque de Trump à UE ocorre apenas dois dias após ele ter recebido Emmanuel Macron, o presidente francês, na Casa Branca para uma reunião que incluiu uma discussão sobre comércio, além das negociações de paz na Ucrânia.
Keir Starmer, primeiro-ministro do Reino Unido, que deixou a UE, se reunirá hoje com Trump em Washington.
O presidente não ofereceu novos detalhes sobre suas propostas de tarifas para a UE, incluindo qual autoridade ele usaria, mas renovou seus ataques ferozes ao bloco por causa do que ele acreditar ser uma relação econômica desequilibrada.
“Eles realmente tiraram proveito de nós de uma maneira diferente. Eles não aceitam nossos carros, basicamente não aceitam nossos produtos agrícolas; eles usam todos os tipos de razões para isso”, disse Trump.
“Sejamos honestos, a União Europeia foi formada para prejudicar os Estados Unidos. Esse é o propósito dela. E eles fizeram um bom trabalho”, continuou ele.
A formação do bloco foi incentivada por Washington após a Segunda Guerra Mundial para aprofundar a integração econômica e tornar conflitos armados menos prováveis.
Os comentários de Trump repercutiram nos mercados de moedas na quarta-feira. O euro caiu ligeiramente, 0,2%, frente ao dólar, para US$ 1,049. Por outro lado, o peso mexicano e o dólar canadense subiram com a sinalização de que as tarifas sobre os dois países seriam adiadas novamente, aumentando o ceticismo dos investidores sobre uma das principais políticas do presidente americano.
O peso mexicano se fortaleceu em até 0,9% frente ao dólar, enquanto a moeda canadense apagou brevemente as perdas. Porém, mais tarde, um funcionário da Casa Branca disse que o prazo para as tarifas sobre os países vizinhos continuava sendo 4 de março e que Trump ainda não havia decidido se concederia outra extensão.
Grupos automotivos, que serão fortemente afetados pelas tarifas dos EUA sobre importações do Canadá e México, bem como da UE, alertaram que a demanda por veículos será prejudicada — uma vez que os consumidores serão forçados a pagar preços mais altos se uma tarifa de 25% sobre carros importados for imposta.
“Os consumidores não poderão absorver o aumento nos preços dos veículos e os volumes diminuirão”, disse um executivo-chefe de um grande fornecedor de peças automotivas europeu. “A indústria já está em uma posição frágil e essa incerteza massiva já está retardando negócios, investimentos e alocação de capital”, acrescentou ele.
(Com Bloomberg)
Fonte: Valor Econômico

