Autoridades de saúde nos Estados Unidos detectaram o primeiro caso do vírus da varíola do macaco no país desde que relatórios semelhantes surgiram em vários países europeus.
Casos confirmados ou suspeitos do vírus — que geralmente é encontrado em partes da África Ocidental e Central e não se espalha facilmente entre humanos — já foram relatados em pelo menos sete países em todo o mundo, desde que a Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido (UKHSA) descobriu o primeiro caso britânico no início de maio.
Autoridades de Massachusetts disseram na quarta-feira que estavam “trabalhando em estreita colaboração” com os Centros de Controle de Doenças (CDCs) dos EUA e conselhos de saúde locais para identificar contatos próximos do indivíduo infectado — um homem adulto com histórico de viagens para o Canadá.
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Vírus da varíola do macaco — Foto: Cynthia S. Goldsmith, Russell Regner/CDC via AP
As autoridades de saúde de Quebec também estão investigando cerca de 10 casos possíveis na província canadense, segundo a emissora CBC News. Na quinta-feira, órgãos de saúde pública na Suécia e na Itália confirmaram pelo menos um caso do vírus.
Um dia antes, as autoridades de saúde espanholas disseram ter encontrado um grupo de 23 pessoas com sintomas suspeitos, enquanto as autoridades portuguesas disseram ter cinco casos confirmados e estavam investigando mais 15 casos possíveis.
A varíola do macaco, que normalmente está associada a lesões cutâneas semelhantes às causadas pela catapora, raramente é detectada na Europa e nos EUA. Geralmente se espalha para as pessoas de espécies como roedores e esquilos, mas a transmissão de humano para humano pode ocorrer por meio de contato próximo.
Dos nove casos encontrados no Reino Unido, pelo menos dois não tinham ligações de viagem para países onde o vírus é endêmico, sugerindo que “é possível que tenham contraído a infecção por transmissão comunitária”, segundo a UKHSA. Os casos ocorreram predominantemente entre homens gays e bissexuais.
O Departamento de Saúde de Massachusetts enfatizou que o caso dos EUA “não representa risco para o público”, acrescentando que o paciente estava “hospitalizado e em boas condições”.
Susan Hopkins, médica-chefe da UKHSA, disse na quarta-feira que a agência estava “especialmente pedindo aos homens gays e bissexuais que estejam atentos a quaisquer erupções ou lesões incomuns” e entrem em contato com os serviços de saúde sexual, se necessário.
Existem dois tipos de vírus da varíola do macaco. A cepa da África Ocidental, causa doenças menos graves do que a família mais fatal da Bacia do Congo. Todas as infecções por varíola do macaco encontradas no Reino Unido até agora foram da cepa da África Ocidental, que a Organização Mundial da Saúde diz ter uma taxa de mortalidade de aproximadamente 1% – a variedade da Bacia do Congo tem taxa de mortalidade de 10%.
Robert Steffen, professor emérito do Instituto de Epidemiologia, Bioestatística e Prevenção da Universidade de Zurique, que este ano publicou um artigo sobre a mudança na epidemiologia da varíola do macaco, previu que o vírus “provavelmente seria encontrado em outro lugar” nas semanas seguintes.
Ele disse que, enquanto as pessoas mais velhas que receberam a vacina contra a varíola tinham imunidade “bastante robusta”, as gerações mais jovens eram “completamente não imunes”. A vacina contra a varíola não é administrada rotineiramente no Reino Unido desde 1971.
Steffen acrescentou que essa falta de imunidade pode explicar o surto mais recente, juntamente com um aumento nos casos importados. Os EUA e o Reino Unido relataram casos importados relacionados a viagens para a Nigéria nos últimos anos.
“É difícil prever se esses aglomerados resultarão em uma epidemia mais ampla ou se será possível conter ou apenas fracassar”, disse Steffen, referindo-se ao último surto.
Geoffrey Smith, professor de patologia da Universidade de Cambridge, disse que, em última análise, o sequenciamento do genoma “nos daria respostas” sobre se os casos de varíola do macacos na América do Norte e na Europa estavam ligados.
“Em um contexto mais amplo, esta não é uma infecção com a qual devemos nos preocupar”, disse ele. “Temos uma vacina para prevenir, temos medicamentos que funcionam contra ela e não se espalha facilmente entre as pessoas, pois requer contato muito próximo.”
Fonte: Valor Econômico