As firmas de private equity TPG e Blackstone se aliaram para trabalhar em uma oferta conjunta pela empresa de produtos oftalmológicos Bausch + Lomb, segundo fontes a par do assunto.
Se forem bem-sucedidas, a transação poderia ser uma das maiores compras feitas por firmas de private equity em 2024, uma vez que o valor da empresa incluindo as dívidas é de US$ 11,5 bilhões, pelos preços de fechamento das ações na sexta-feira (11). Várias outras firmas especializadas em compras de participações que estudaram fazer ofertas acabaram desistindo da disputa.
A Bausch + Lomb foi colocada à venda para resolver um impasse sobre sua separação da controladora, que tem altas dívidas.
A TPG e a Blackstone, há tempos, são consideradas favoritas para fechar o capital da Bausch + Lomb, já que antes de a empresa lançar ações, em 2022, as duas firmas haviam manifestado interesse em comprar o negócio, segundo as fontes. A TPG já é dona da empresa oftalmológica BVI Medical.
A fontes disseram que as ofertas devem estimar a Bausch + Lomb em um valor de empresa entre US$ 13 bilhões e US$ 14 bilhões, o que equivale a até US$ 25 por ação.
Nos negócios desta segunda-feira (14) à tarde, as ações da Bausch + Lomb subiam mais de 7% em Nova York, após a notícia do “Financial Times” sobre sua possível aquisição pelas firmas. A cotação está perto de seus recordes intradiário e de fechamento, atingidos em julho de 2023, tendo se valorizado cerca de 35% desde que o “Financial Times” noticiou em setembro que a empresa havia iniciado o processo de venda, liderado por assessores do Goldman Sachs.
A ideia da venda é uma tentativa de resolver uma disputa entre os acionistas e credores da controladora da Bausch + Lomb, a Bausch Health, que detém 88% da empresa. O executivo-chefe e presidente do conselho de administração da Bausch + Lomb é Brent Saunders, um famoso especialista em fusões e aquisições, que vendeu a Allergan para a AbbVie por US$ 63 bilhões em 2020.
Acredita-se que até o fim do mês sejam apresentadas ofertas formais, embora ainda seja possível que o negócio não ocorra, segundo as fontes. Blackstone, TPG e Bausch + Lomb não quiseram comentar as informações. O Goldman Sachs não respondeu de imediato.
O processo de separação estava parado, pois a perda de sua subsidiária mais lucrativa ameaçava deixar a Bausch Health insolvente diante de uma dívida de US$ 21 bilhões, de forma que a ideia de cisão teve a oposição dos credores, que incluem nomes como Apollo Management, Elliott Management, GoldenTree Asset Management e Silver Point Capital.
Os títulos de dívida da Bausch Health também tiveram um bom desempenho, pois a venda permitiria à empresa, antes conhecida como Valeant, reduzir suas dívidas. A Bausch Health tem cerca de US$ 10 bilhões em dívidas por vencer até o fim de 2027 — com um empréstimo de taxa fixa de US$ 2,4 bilhões com vencimento em 2025 tendo prioridade.
Não está claro de que forma os principais acionistas da Bausch Health — entre os quais grandes nomes de Wall Street como Carl Icahn e John Paulson — gastariam os recursos da venda. Uma ideia em discussão é pagar a si próprios um dividendo especial após liquidar a dívida de curto prazo, de acordo com duas fontes. Isso, contudo, provavelmente irritaria os credores.
Representantes de Icahn não quiseram comentar o assunto, enquanto a Paulson & Co. não respondeu de imediato a um pedido de comentário.
A Bausch + Lomb projeta gerar quase US$ 860 milhões em lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (ebitda) ajustado, com receitas de US$ 4,7 bilhões em 2024, sendo quase 75% disso proveniente das vendas de lentes de contato e colírios contra a doença do olho seco Xiidra e Miebo. A empresa também vende equipamentos cirúrgicos para oftalmologistas.
As dúvidas sobre o desempenho e a solvência da Bausch Health aumentaram com a aproximação do vencimento da patente de seu principal medicamento, o Xifaxan, para tratamento gastrointestinal, em 2029. O valor de mercado da Bausch Health aumentou quase 26%, para pouco menos de US$ 2,9 bilhões, desde que o processo de venda foi noticiado pela primeira vez, mas continua bem inferior ao de antes de a empresa enfrentar desafios legais sobre as patentes do Xifaxan.
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Fonte: Valor Econômico