O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, afirmou nesta segunda-feira que, se a economia evoluir conforme o esperado, a autoridade monetária vai reduzir o ritmo dos cortes de juros de 0,50 ponto percentual para 0,25 ponto nas duas próximas reuniões, em novembro e dezembro. “A economia está forte, o mercado de trabalho também e a inflação está próximo da meta. Com isso, o Fed não está com pressa em cortar os juros”, disse ele durante evento da National Association for Business Economics (Nabe).
Powell fez questão de deixar claro que o corte de 0,50 ponto em setembro foi um reflexo do aumento da confiança que, “com a apropriada recalibragem da política, a força do mercado de trabalho pode ser mantida em um contexto de moderado crescimento e inflação se movendo para a meta de 2% de forma sustentável”. E não um temor de desaceleração econômica.
“No geral, a economia está em boa forma e pretendemos manter nossas ferramentas para mantê-la assim”, disse. Segundo ela, revisões em alguns dados de crescimento, da poupança e de renda reduziram alguns riscos à economia.
Embora tenha repetido algumas vezes que a inflação está próximo da meta, o dirigente afirmou que a inflação de aluguéis segue acima do nível anterior à pandemia e sua desaceleração será mais lenta que o esperado inicialmente. Ao destacar que o mercado de trabalho segue firme, com mais vagas do que pessoas procurando emprego, e que a renda e a poupança estão aumentando, o que não vai reduzir os gastos das famílias, Powell pareceu mais “hawkish” (favorável ao aperto) que outros membros do Fed que também fizeram comentários nesta segunda-feira.
Raphael Bostic, presidente da distrital de Atlanta do Fed, disse que está aberto a um novo corte de juros de 0,50 ponto caso o mercado de trabalho continue a enfraquecer. “Vou observar de perto os dados do mercado de trabalho e se o crescimento dos empregos ficar abaixo de 100 mil, seria prudente ver o que está acontecendo”, disse, em entrevista.
O dirigente afirmou que seu cenário-base é de um afrouxamento monetário ordenado com inflação seguindo em queda pelos próximos 15 meses, com a manutenção de um mercado de trabalho forte. Mas ponderou que não está confiante demais na queda sustentável da inflação, considerando que o núcleo do índice de preços de gastos com consumo (PCE) — a métrica preferida do Fed — segue em 2,7%.
Já o presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, fez a afirmação mais “dovish” (favorável à flexibilização) do dia, dizendo que os EUA cortarão muito os juros. Segundo ele, a motivação para os cortes é clara e não tem nada a ver com política. “O Fed esta cortando os juros porque a economia está se normalizando, o mercado de trabalho segue resiliente, a inflação está chegando perto da meta”, disse.
Do outro lado do espectro, a diretora do Fed, Michelle Bowman, manteve sua moderação e voltou a defender um ciclo de corte de juros mais controlado, com reduções menores. Em setembro, Bowman foi a única dissidente e votou por um corte de 0,25 ponto. Segundo ela, sua decisão foi baseada na visão de que um corte de 0,50 ponto criasse a percepção no mercado de que existiam riscos maiores para economia e de que o Fed fosse manter esse ritmo mais acelerado durante todo o ciclo.
Além disso, para Bowman, reduzir a taxa básica de juros muito rapidamente criaria o risco de liberar uma demanda reprimida de consumo nos americanos, já que ainda existe renda disponível, trazendo de volta riscos inflacionários.
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Fonte: Valor Econômico

