O Ministério da Fazenda manteve em 2,5% sua estimativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024, enquanto alterou de 3,70% para 3,90% a projeção para a inflação oficial do país em 2024, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Os novos números foram divulgados ontem pela Secretaria de Política Econômica (SPE) da pasta no Boletim Macrofiscal, que contém a nova grade de parâmetros macroeconômicos. Apesar da manutenção na projeção de crescimento, a Fazenda avalia que há espaço para revisão para cima até o final do ano.
Para 2025, a projeção, sempre de crescimento, foi reduzida em 2,8% para 2,6%. Segundo a SPE, essa revisão para baixo repercutiu a pausa no corte de juros pelo Banco Central (BC).
Um pouco antes da divulgação, o ministro Fernando Haddad já havia sinalizado que não haveria mudanças nas projeções de crescimento ao informar que pediu “parcimônia” para secretaria da pasta na hora de revisar a projeção oficial para o desempenho da economia neste ano.
“Estamos recebendo informações e dados que sustentariam reprojeção, mas pedi cautela para avaliar bem se essa reprojeção deve ser feita e quando deve ser feita”, comentou Haddad. Segundo o ministro, os dados da economia estão “vindo muito bem, consistente”.
O Boletim Macrofiscal serve como baliza para a reavaliação do Orçamento deste ano, incluindo os cálculos de contingenciamento e bloqueio de recursos, necessários para a União cumprir a meta de resultado primário e o limite de gastos estabelecido pelo arcabouço fiscal, respectivamente.
A projeção mais alta para a inflação neste ano leva em consideração os impactos do câmbio mais depreciado, os reajustes recentes anunciados para os preços da gasolina e do GLP (botijão de gás) e também os efeitos da calamidade no Rio Grande do Sul nos preços. Já para 2025, a previsão de inflação foi revisada para cima para incorporar a expectativa de maior cotação do dólar.
A SPE estimou que a calamidade pública no Rio Grande do Sul deve ter um impacto negativo no PIB brasileiro de 0,25 p.p. este ano. De outro lado, medidas de auxilio tomadas pelo governo federal ao estado gaúcho devem adicionar ao PIB de 0,2 a 0,3 p.p. ao longo deste e dos próximos trimestres de 2024.
Segundo a pasta, agropecuária e indústria de transformação deverão ser setores mais afetados pela calamidade no Estado. A Fazenda aponta, por outro lado, que os efeitos negativos no PIB “tendem a ser compensados, ao menos em 2024, pelas medidas de suporte às empresas e pelas transferências diretas às famílias e aos governos estadual e municipais”. “Os impactos mais negativos da calamidade sobre a atividade deverão aparecer no PIB do segundo trimestre, sendo compensados nos trimestres seguintes”, apontou a SPE.
Guilherme Mello, secretário de Política Econômica, avaliou que caso os dados sobre os setores do comércio e serviços e sobre o mercado de crédito continuem vindo melhor do que o esperado, é possível que haja uma revisão para cima da estimativa para crescimento do PIB deste ano.
“Claro que há possibilidade [para crescer mais do que 2,5%]. Temos alguns dados positivos, obviamente se eles continuarem vindo nesse campo [podemos revisar]. Temos que aguardar”, disse Mello.
Em relação aos demais índices de inflação, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) deve ficar em 3,65% neste ano, enquanto a projeção anterior, divulgada em maio, era de 3,50%. Para 2025, a projeção é 3,15% (3,10%).
Por sua vez, o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), da Fundação Getulio Vargas (FGV), deve fechar este ano em 3,60% (3,5%). Para 2025, a projeção foi mantida em 4%.
Fonte: Valor Econômico

