Vendas brasileiras para o mercado americano têm aumento de 12% em valores e de 23,5% em volume, indica levantamento da Amcham
PorÍvina Garcia
As exportações brasileiras para os Estados Unidos alcançaram o valor recorde de US$ 19,2 bilhões no primeiro semestre deste ano.
O crescimento nas trocas comerciais entre os países foi de valor, com alta de 12% (ou US$ 2,1 bilhões) e de volume, com crescimento de 23,5% (4 milhões de toneladas), em relação ao mesmo período de 2023, aponta o Monitor do Comércio Brasil-EUA da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos (Amcham Brasil).
Em contrapartida, as importações brasileiras com origem nos Estados Unidos alcançaram o valor de US$ 19,4 bilhões, representando uma pequena retração se comparada ao mesmo período do ano passado.
Mesmo com importação ligeiramente menor, houve alta em oito dos dez produtos mais importados pelo Brasil com origem nos Estados Unidos.
O Destaque do período ficou com aeronaves (62,4%), polímeros de etileno (50,8%), petróleo bruto (48,9%), medicamentos (32,9%), gás natural (+545,9%) e motores e máquinas não elétricos (20,2%).
A relação comercial entre os países tem apresentado um bom desempenho, com crescimento de 5,1% nas trocas bilaterais em relação ao mesmo período do ano passado, atingindo US$ 38,7 bilhões em transações. Esse crescimento representa mais que o dobro do aumento das trocas do Brasil com o mundo no período (2,5%).
O comércio entre Brasil e Estados Unidos deve ser mais equilibrado no apanhado anual. Segundo Abrão Neto, CEO da Amcham Brasil, o déficit no comércio bilateral deve ficar próximo a zero, diferente do registrado na última década. “O crescimento do comércio será puxado pelas exportações brasileiras, o que será um resultado importante para a economia brasileira”, afirma.
O mercado americano disparou como destino de maior crescimento para as exportações brasileiras em valor no ano. O crescimento nominal foi de US$ 2,1 bilhões. O aumento é de 12% em comparação ao mesmo período do ano passado, sendo mais de oito vezes superior às vendas brasileiras para outros parceiros comerciais de longa data como China (3,9%), União Europeia (2,1%) e América do Sul (-24,3%). No total das exportações globais (US$ 7,1 bilhões), os Estados Unidos representam uma fatia de quase 30% do total do aumento registrado no período.
De acordo com o Monitor do Comércio, o crescimento pode ser observado em todos os setores, sendo encabeçado pela indústria extrativa (89,2%), seguido pela agropecuária (19,4%) e indústria de transformação (2,3%).
Dos dez principais produtos exportados para os EUA, oito tiveram alta, com destaque para petróleo bruto (108,3%), que subiu para primeira posição na escala de exportação; aeronaves (11,9%); e combustíveis de petróleo (202,1%), que passaram da 11ª para a 4ª posição.
O crescimento do comércio será puxado pelas exportações brasileiras, o que será um resultado importante”
— Abrão Neto
Essa forte venda de petróleo bruto para os EUA contribuiu para uma maior participação da indústria extrativa nas exportações totais, correspondendo a 17,7%, ante os 10,5% de participação registrados no mesmo período de 2023. No setor agropecuário, a alta foi mais branda, e passou de 5,0% para 5,3% em 2024, puxada pelo aumento das vendas brasileiras de café não torrado (44,6%).
Já no setor da indústria de transformação, a Amcham observou uma leve queda de 8 pontos percentuais, saindo de 83,8% para 76,6%. Apesar disso, o setor é o de melhor desempenho entre os itens mais exportados, respondendo por oito dos dez principais produtos.
Abrão Neto afirma que a diversidade no mercado dos EUA em comparação com outros parceiros comerciais do Brasil tem impactado no aumento registrado no período e refletem em outras áreas do país. “Esse crescimento tem um impacto muito positivo na criação de empregos e na geração de receita dentro do mercado brasileiro”, avalia.
Os principais pontos de partida das exportações estão concentrados nas regiões Sul e Sudeste do país, tendo São Paulo como principal responsável pelo escoamento para os EUA no primeiro semestre de 2024, respondendo por 31,9% do total. Em seguida aparecem Rio de Janeiro (17,7%), Minas Gerais (10,1%), Espírito Santo (8,1%) e Rio Grande do Sul (4,6%).
Ao mesmo tempo, as principais importações também tem São Paulo no topo, responsável por 31,8% das importações totais. Seguido pelo Rio de Janeiro (21,8%), Bahia (7,7%), Santa Catarina (5,9%) e Minas Gerais (5,0%).
O escoamento dessa produção tem como modal mais comum o marítimo, segundo o levantamento, no primeiro semestre de 2024, as águas responderam por 87,7% do transporte das exportações, seguido pelo modal aéreo, com 11,5%. Já nas importações, o Brasil também tem o modal marítimo como o principal responsável pelo transporte, com 62,5%, enquanto 36,8% foram feitas por via aérea.
A Amcham projeta que o Brasil deve apresentar uma evolução no acumulado de 2024 em relação ao ano passado, principalmente nas exportações.
“Esperamos que a corrente de comércio cresça em relação ao ano passado, alcançando a segunda maior corrente de comércio da série, ficando provavelmente abaixo apenas de 2022”, diz Abrão Neto.
Fonte: Valor Econômico