A explosão do hospital Al-Ahli em Gaza na terça-feira desencadeou uma onda de protestos em grande parte do Oriente Médio e do mundo islâmico em geral, alguns aos gritos de “morte a Israel”.
O grupo terrorista Hamas imediatamente culpou os ataques aéreos israelenses pela explosão e disse que 500 pessoas foram mortas. Israel, os EUA e especialistas em segurança independentes lançaram dúvidas ontem sobre as alegações do Hamas, dizendo que as primeiras evidências apontavam para outro grupo extremista palestino, a Jihad Islâmica.
A quantidade de danos também parece inconsistente com a afirmação de ontem do Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, de que 471 pessoas foram mortas, disseram especialistas. Alguns analistas creem que o número de mortos foi inferior a 100.
Mesmo assim, a revolta se espalhou rapidamente por toda a região. Os motins eclodiram perto da embaixada israelense na Jordânia. Cerca de 80 mil manifestantes turcos invadiram os consulados israelenses em Istambul, alguns atacando as forças de segurança, segundo as autoridades. No Irã, onde o governo se tornou o principal defensor da causa palestina, milhares de pessoas manifestaram-se em várias cidades.
Analistas políticos dizem que a explosão do hospital deve bloquear um acordo diplomático entre a Arábia Saudita e Israel, que se aproximavam nos últimos meses. Cinzia Bianco, especialista em temas da região do European Council on Foreign Relations, disse esperar que um pacto entre sauditas e Israel fique arquivado por anos. “Neste momento, é politicamente impossível”, disse ela.
No meio da escalada do conflito, os cidadãos árabes de vários países da região estão observando atentamente as palavras dos seus líderes sobre Israel e, em alguns locais, tornaram-se mais veementes no seu apoio à causa palestina, dizem analistas.
Fonte: Valor Econômico

