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Ainda que os mercados tenham fechado antes da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) ontem, a reunião do colegiado orientou os negócios do dia. O feriado de Juneteenth nos Estados Unidos, que tirou a referência internacional dos agentes, deixou os ativos locais ainda mais expostos às expectativas para o BC.
No início do dia, preocupações com uma decisão dividida fizeram a cautela predominar e levaram o dólar comercial a superar os R$ 5,48 e o Ibovespa a operar abaixo dos 119 mil pontos. Durante a tarde, porém, notícias de que o Planalto esperava uma decisão unânime trouxeram alívio aos ativos domésticos.
O dólar encerrou com alta de 0,15%, a R$ 5,4417, maior nível desde 4 de janeiro de 2023, mas bem abaixo das máximas do dia.
O real ficou boa parte da sessão com o posto de pior moeda do ranking das 33 divisas mais líquidas acompanhadas pelo Valor, mas abandonou essa posição no fim das negociações. No acumulado de 2024, porém, o real se tornou ontem a moeda com pior desempenho, com o dólar em alta de 12,14% frente à divisa brasileira. A divisa americana avança 12,11% ante o iene japonês; 12,09% ante a lira turca; e 11,72% contra o peso argentino.
Para o economista-chefe do PicPay, Marco Antonio Caruso, é difícil estabelecer um limite de até onde o dólar pode ir diante da piora da percepção de risco no Brasil. “A partir de um determinado patamar, se há descolamento dos fundamentos, podemos esperar um ajuste, mas não estamos falando de fundamento agora”, diz. “O que está em jogo é a expectativa do mercado; expectativa de que não haverá mudança no tema fiscal ou de que não haverá medidas que tragam soluções ao problema.”
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Esse mau humor sobre o ambiente local veio se construindo de forma gradual nos últimos meses e impactou também o agente de mercado fora do Brasil. A aposta do investidor estrangeiro cada vez maior contra o real, em um período de baixa volatilidade, mostra que essa percepção não deve se desfazer de forma tão rápida, na avaliação do economista do PicPay. “Movimentos com baixa volatilidade têm mais aspecto de duradouros e permanentes”, afirma. “Não acho que esse aumento [da posição em dólar] seja o encerramento forçado [‘stop’] de algum grande investidor e que logo veremos uma reversão. Não é algo brusco, que subiu de um dia para o outro, mas algo que veio se construindo.”
O cenário também é de cautela em relação à bolsa brasileira. Após reuniões com clientes de Rio de Janeiro, São Paulo e exterior, a chefe de estratégia de renda variável do Santander, Aline Cardoso, afirma que o humor dos investidores, que já não estava positivo, ficou ainda pior. A impressão, diz, é que há uma séria crise de confiança.
“O Santander Sentiment Index (SSI), nosso índice proprietário, já capturou esse sentimento e bateu no nível mais baixo em 18 meses. Essa crise de confiança tem como origem os questionamentos sobre a sustentabilidade do arcabouço fiscal e culminou na reação forte do empresariado em relação à MP do PIS/Cofins, mostrando que não há mais espaço para ajuste fiscal pelo lado da receita”, diz ela.
A aversão ao risco prevaleceu sobre a bolsa brasileira durante a maior parte do pregão de ontem, mas o Ibovespa ganhou fôlego nos últimos minutos do dia, com a expectativa por uma decisão unânime do Copom e uma correção parcial após quedas recentes que levaram o índice a operar abaixo dos 120 mil pontos. No fim da sessão, a referência local avançou 0,53%, aos 120.261 pontos, com volume financeiro baixo em dia de feriado nos EUA.
O alívio durante a tarde também ajudou os juros futuros, que acabaram fechando o dia perto da estabilidade. No fim do pregão, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 oscilou de 11,285% para 11,295% e a do DI para janeiro de 2029 recuou de 12,005% para 11,935%.
Fonte: Valor Econômico

