Por Cássia Almeida, Rafael Vazquez e Sérgio Tauhata — De São Paulo
02/06/2022 05h01 Atualizado há 5 horas
Os Estados Unidos devem entrar em recessão como consequência das respostas que o país precisará dar para conter uma alta forte da inflação, avaliou o economista Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central do Brasil. O Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, já iniciou alta de juros. “Meu diagnóstico é que os EUA passarão por uma recessão clássica após um choque de oferta”, afirmou ele.
Segundo Arminio, a economia americana já estava superaquecida e “a percepção de que a inflação tinha desaparecido foi desmentida pelos fatos”. “Houve uma megaexpansão numa economia que foi atingida por um monumental choque de oferta. Eles estão correndo atrás, mas exige cuidado, senão a inflação volta”, completou o economista, durante o debate “E Agora, Brasil?”.
O ex-ministro Pedro Malan deu a dimensão do tamanho do estímulo monetário adotado na maior economia do mundo em resposta à crise provocada pela covid. “O passivo do Fed passou de US$ 900 bilhões antes da crise para US$ 9 trilhões hoje. Houve enorme aumento de estímulo à demanda e não teve resposta em tempo hábil da oferta. A pressão inflacionária se fez sentir desde 2021. O Fed ficou um pouco atrasado”, disse.
Malan se refere à demora do Fed em desfazer os estímulos e subir os juros, depois que a inflação no país chegou a mais de 8% ao ano, a maior em 40 anos. No início de maio, o Fed começou a agir com mais força, subindo os juros para entre 0,75% a 1%, alta de 0,50 ponto percentual, a maior dos últimos 20 anos. Arminio disse que o combate à inflação em economias desenvolvidas parte de variáveis reais, como desemprego, produtividade e capacidade. Diferentemente do Brasil, que tem taxa de juros de 12,75% ao ano e distorções fiscais.
Fonte: Valor Econômico