O Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, ordenou ontem que as embaixadas dos EUA em todo o mundo parem de agendar entrevistas para vistos de estudante, ao mesmo tempo em que o governo de Donald Trump busca uma triagem mais rigorosa dos perfis de mídia social dos candidatos.
A ordem administrativa, emitida por meio de telegrama diplomático enviado a missões dos EUA em todo o mundo, marca o mais recente esforço do governo para restringir a entrada de estudantes estrangeiros em escolas americanas devido a alegações de que eles podem ameaçar a segurança dos EUA ou promover antissemitismo.
“Com efeito imediato, em preparação para uma expansão da triagem e verificação obrigatórias nas mídias sociais, as seções consulares não devem adicionar nenhuma capacidade adicional de agendamento para vistos de estudante ou visitante de intercâmbio (F, M e J) até que novas orientações sejam emitidas”, escreveu Rubio.
O telegrama diz que as entrevistas já agendadas podem prosseguir. A informação foi divulgada anteriormente pelo site “Politico”.
A porta-voz do Departamento de Estado, Tammy Bruce, disse que os EUA usarão “todas as ferramentas” para examinar qualquer um que queira entrar no país.
O telegrama também aconselha as seções consulares a permanecerem focadas em serviços para cidadãos dos EUA, vistos de imigração e prevenção de fraudes.
As autoridades do governo também disseram que estrangeiros que já possuem de visto de estudante e green card estão sujeitos à deportação por seu apoio aos palestinos e críticas à conduta de Israel na guerra em Gaza, chamando as ações de uma ameaça à política externa dos EUA e acusando-os de serem pró-Hamas.
Rubio havia sinalizado novas restrições em março, após policiais à paisana prenderam a estudante de doutorado da Universidade Tufts, Rümeysa Öztürk, em frente à sua casa. Öztürk, que ajudou a escrever um artigo em apoio aos moradores de Gaza, foi depois libertada sob fiança enquanto luta contra uma possível deportação.
“Se alguém solicitar um visto para entrar nos EUA e for estudante, e nos disser que o motivo de sua vinda aos EUA não é apenas porque deseja escrever artigos de opinião, mas porque deseja participar de movimentos que envolvem vandalizar universidades, assediar estudantes, tomar prédios, criar tumulto — não lhe daremos um visto”, disse Rubio na época.
Opositores de Trump qualificam a ação do governo de um ataque aos direitos de liberdade de expressão garantidos pela 1 Emenda da Constituição dos EUA.
A medida de ontem ocorre dias depois de o Departamento de Segurança Interna (DHS) ter tentado impedir a Universidade Harvard de matricular estudantes internacionais na semana passada.
Na semana passada, na Fox Business, Kevin O’Leary, que leciona na Harvard, recomendou um processo de seleção para estudantes estrangeiros, elogiando-os por seu intelecto e patriotismo. “Eles são indivíduos extraordinários e não odeiam os EUA”, disse ele. “Por que não os examinamos, verificamos seus antecedentes, os liberamos e dizemos a eles: ‘Você se forma em Harvard, é engenheiro ou algo assim, fique aqui, se estabeleça aqui, receba financiamento aqui e crie empregos aqui, porque é por isso que veio para cá em primeiro lugar’”, afirmou O’Leary.
Fonte: Valor Econômico

