Os Estados Unidos querem aprovar uma lei que proíbe o uso de softwares e hardwares da China e da Rússia em sistemas de carros inteligentes que tenham capacidades de direção autônoma.
“Os carros hoje possuem câmeras, microfones, rastreamento por GPS e outras tecnologias conectadas à internet”, disse a Secretária de Comércio dos EUA, Gina Raimondo. “Não é preciso muita imaginação para entender como um adversário estrangeiro com acesso a essas informações poderia representar um risco sério tanto para nossa segurança nacional quanto para a privacidade dos cidadãos americanos.”
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China e Rússia são os únicos dois adversários estrangeiros citados na proposta.
A nova lei, criada pelo governo do presidente Joe Biden, foca em hardware e software integrados em sistemas de conectividade veicular (VCS), como tecnologias wi-fi e bluetooth que permitem que carros se comuniquem com sistemas de nuvem, e software integrado em sistemas de direção automatizada (ADS).
A proibição proposta acontece após a emissão de uma ordem executiva pelo governo do ex-presidente Donald Trump, que declarou os veículos conectados como uma vulnerabilidade de segurança nacional, indicando apoio bipartidário para aumentar a vigilância sobre as tecnologias chinesas.
Um funcionário do governo Biden disse que a Casa Branca pretende finalizar a regra antes que o próximo presidente assuma o cargo em janeiro.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, foi questionado sobre a proposta em uma coletiva de imprensa.
“A China se opõe à generalização do conceito de ‘segurança nacional’ pelos EUA, bem como às suas práticas discriminatórias contra empresas e produtos chineses”, disse Lin. “A China defenderá firmemente seus direitos e interesses legítimos.”
Quase todos os veículos chineses estariam sujeitos à proibição, dado o amplo uso de tecnologias conectadas em carros modernos, mas as montadoras poderão solicitar autorização para vender os veículos nos EUA após tomarem medidas de mitigação de risco, disse outro funcionário do governo.
“A boa notícia é que ainda não temos muitos carros da China e da Rússia nas nossas estradas”, disse Raimondo em uma coletiva de imprensa. “A Europa é um alerta… Não vamos esperar até que as estradas estejam cheias de carros chineses para agir.”
Um funcionário do governo Biden chamou a medida de “preventiva”, visando “antecipar os problemas”, já que há poucos softwares da China na cadeia de suprimentos automotiva dos EUA atualmente.
No entanto, “há mais fornecedores chineses no espaço de hardware”, disse o funcionário.
Ainda não está claro quais softwares e hardwares serão incluídos nas restrições.
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Fonte: Valor Econômico

