OS EUA importaram US$ 6,95 bilhões em produtos farmacêuticos da China em 2022, um aumento de oito vezes em relação aos US$ 820 milhões do ano anterior
Por Nikkei Asia — Washington
As importações de produtos farmacêuticos fabricados na China pelos Estados Unidos estão aumentando para atender à escassez interna de alguns produtos, com as autoridades, em alguns casos, autorizando a importação de medicamentos não aprovados formalmente para uso nos EUA.
Em um exemplo recente, a entidade que cuida de medicamentos e alimentos que entram nos EUA, o FDA, disse no dia 10 de julho que permitiu a entrada no país de remessas de emergência adicionais de cisplatina, um medicamento comumente usado em tratamentos de quimioterapia, da Qilu Pharmaceutical da China. A versão do medicamento feito pelo Qilu não é aprovada pelo FDA.
“Continuaremos a importar até que os fabricantes aprovados possam atender a todas as necessidades dos pacientes”, disse um porta-voz do FDA.
Os EUA importaram US$ 6,95 bilhões em produtos farmacêuticos da China em 2022, um aumento de oito vezes em relação aos US$ 820 milhões do ano anterior, segundo dados oficiais. A demanda continua forte neste ano, com as importações apenas nos primeiros cinco meses de 2023 totalizando mais que o dobro do total importado em 2021.
O aumento está sendo impulsionado em grande parte por drogas quimioterápicas, imunossupressores e drogas cardiovasculares. A crescente demanda por drogas quimioterápicas provocou escassez nos EUA. Os problemas de controle de qualidade na Índia, um grande exportador de produtos farmacêuticos, agravaram os problemas de abastecimento.
A China ajudou a preencher a lacuna. Até 2021, a participação do país nas importações de remédio para os EUA era cerca de 1%. Em 2022 esse percentual cresceu para 9,6%.
“O maior fator que contribuiu para o crescimento da participação de mercado da China foram as políticas domésticas que o país implementou visando construir uma indústria farmacêutica avançada de nível mundial”, disse Niels Graham, especialista em economia da China no Atlantic Council.
Para alguns, a crescente dependência dos Estados Unidos da China para medicamentos essenciais representa um potencial risco à segurança nacional.
O presidente dos EUA, Joe Biden, assinou em setembro de 2022 uma ordem executiva destinada a expandir a capacidade de produção doméstica de medicamentos, mas a ordem não incluía requisitos aplicáveis às empresas e tinha um efeito limitado.
No Congresso, políticos democratas apresentaram no dia 22 de junho um projeto de lei que reduziria os impostos sobre as importações de produtos farmacêuticos de aliados dos EUA, como Japão e União Europeia (UE).
Demanda por medicamentos chineses continua forte nos EUA.
Fonte: Valor Econômico