Os Estados Unidos aumentarão as tarifas sobre importações de produtos de energia solar chineses, anunciou o governo na quarta-feira, em seu esforço para proteger a indústria de tecnologia limpa do país frente aos suprimentos estrangeiros baratos.
O Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR) aumentou as taxas sobre wafers (placas) solares e polissilício para 50%. Já os impostos sobre produtos de tungstênio foram aumentados para 25%. As taxas entrarão em vigor em 1º de janeiro de 2025.
O tungstênio é usado em produtos de uma variedade de indústrias, incluindo aeroespacial e defesa, bem como campos médicos e automotivos. O USTR afirmou que a dependência da China para produtos de tungstênio coloca a segurança nacional dos Estados Unidos em risco.
“As importações da China continuam a minar a produção doméstica, e o aumento das tarifas tornará os produtores domésticos mais competitivos, o que elevará a alavancagem da China para eliminar seus atos, políticas e práticas prejudiciais e reduzir a vulnerabilidade a esses atos, políticas e práticas prejudiciais”, disse um aviso do USTR no Registro Federal publicado na quarta-feira.
Polissilício e wafers solares são materiais essenciais usados em células solares.
“Os aumentos de tarifas anunciados hoje atenuarão ainda mais as políticas e práticas prejudiciais da República Popular da China”, disse a Representante Comercial dos Estados Unidos, Katherine Tai. “Essas ações complementarão os investimentos domésticos feitos sob a Administração Biden-Harris para promover uma economia de energia limpa, ao mesmo tempo em que aumentam a resiliência de cadeias de suprimentos críticas.”
Além de impor impostos sobre produtos chineses, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, investiu pesadamente no reforço da tecnologia de energia limpa e da fabricação de semicondutores do país por meio de subsídios como a Lei de Redução de Inflação (IRA) e a Lei Chips e Ciência.
A última medida se baseia em uma decisão de setembro de aplicar tarifas de 100% sobre veículos elétricos chineses e tarifas de 25% sobre baterias de veículos elétricos de íons de lítio.
O governo Biden também emitiu tarifas em novembro sobre importações de painéis solares da Malásia, Camboja, Vietnã e Tailândia. Essas medidas vieram após investigação comercial que apontou produtores chineses de painéis solares usndo fábricas nos países do Sudeste Asiático para driblar tarifas e despejar produtos subsidiados no mercado.
As taxas de dumping do Departamento de Comércio variaram de 21,31% a 271,2%, dependendo da empresa.
Em 2023, mais de 90% das importações americanas de produtos de energia solar vieram de apenas cinco países: Vietnã, Camboja, Tailândia, Malásia e Índia, de acordo com dados do governo.
O último aumento de tarifas deve causar uma deterioração adicional nas relações comerciais entre as duas maiores economias do mundo.
A mudança ocorre nos meses finais do governo Biden, que também emitiu restrições de exportação de chips para a China, em uma tentativa de desacelerar a capacidade chinesa de aplicar a inteligência artificial em suas forças armadas.
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que iniciou uma guerra comercial com a China em 2018, tomará posse em janeiro. Embora tenha criticado o IRA do governo Biden, ele também prometeu impor tarifas de até 60% sobre as importações chinesas para proteger os trabalhadores americanos.
Fonte: Valor Econômico

