Os Estados Unidos e a União Europeia (UE) chegaram ontem a um acordo que prevê tarifas de 15% sobre a maior parte das exportações do bloco, incluindo automóveis, evitando uma guerra comercial que poderia ter causado um duro golpe na economia global.
O acordo foi fechado a menos de uma semana do prazo final, em 1 de agosto, que não será prorrogado para outros países, segundo o presidente americano, Donald Trump. Em maio, ele havia ameaçado impor uma taxa de 50% sobre quase todos os produtos europeus, o que aumentou a pressão e acelerou as negociações, antes de reduzi-la para 30%.
Trump anunciou o pacto durante um encontro com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. “Acho que isso basicamente conclui o acordo”, disse Trump a repórteres em seu clube de golfe em Turnberry, na Escócia. “É o maior de todos os acordos.”
Von der Leyen também celebrou o pacto. “O acordo traz certeza em tempos de incerteza, proporcionando estabilidade e previsibilidade”, disse ela.
Os dois divergiram em alguns dos termos. Trump disse que a taxa cobriria “automóveis e tudo o mais”, mas não produtos farmacêuticos e metais. O aço e o alumínio “permanecem como estão”, acrescentou o presidente dos EUA, e os medicamentos “não têm relação com este acordo”.
A líder europeia disse posteriormente que a taxa seria abrangente e não se somaria às tarifas setoriais, cobrindo medicamentos, chips e carros. As tarifas sobre metais “serão reduzidas e um sistema de cotas será implementado”, disse ela.
Segundo Trump, a UE concordou em comprar US$ 750 bilhões em energia, investir US$ 600 bilhões nos EUA além dos investimentos já existentes, abrir os mercados dos países do bloco a alguns produtos dos EUA com tarifa zero e adquirir “quantidades vastas” de equipamento militar.
O pacto elimina um grande risco para os mercados e para a economia global — uma guerra comercial envolvendo US$ 1,7 trilhão em comércio —, mesmo que signifique que as exportações europeias para os EUA sejam agora submetidas a uma tributação mais alta na fronteira.
Os objetivos, segundo Trump, são aumentar a produção nos EUA e ampliar o acesso dos exportadores americanos ao mercado europeu. Von der Leyen reconheceu que parte da motivação por trás das negociações era reequilibrar o comércio, mas apresentou o resultado como benéfico para ambos.
“O ponto de partida era um desequilíbrio”, disse ela. “Queríamos reequilibrar o comércio e fazer isso de forma que o comércio continuasse entre nós porque as duas maiores economias devem ter um bom fluxo comercial.”
Os negociadores se concentraram em um acordo ao longo da semana, em preparação para o encontro. As autoridades discutiram os termos de um sistema de cotas para as importações de aço e alumínio, que enfrentariam uma tarifa menor abaixo de determinado limite e seriam tributadas na taxa regular de 50% acima desse teto. A UE também buscava cotas e um limite para tarifas futuras específicas por setor, mas ainda não está claro se o acordo inicial vai proteger o bloco de possíveis tarifas que ainda não foram implementadas.
Howard Lutnick, secretário de Comércio dos EUA, afirmou que uma decisão sobre os semicondutores, que, assim como os medicamentos, estão sujeitos a uma investigação em andamento que pode abrir caminho para tarifas separadas, será tomada em aproximadamente “duas semanas”.
O anúncio encerrou meses de tensão. A UE estava preparada para impor tarifas sobre cerca de 100 bilhões — aproximadamente um terço das exportações americanas para o bloco — caso o acordo não fosse fechado e Trump levasse adiante sua ameaça.
Durante semanas, a UE demonstrou disposição para aceitar um pacto desequilibrado com uma tarifa reduzida de cerca de 15%, buscando ao mesmo tempo alívio sobre tarifas setoriais críticas para sua economia. Trump também impôs tarifas de 25% sobre automóveis e o dobro dessa taxa sobre aço e alumínio, além de cobre.
Vários países da Ásia, incluindo Indonésia, Filipinas e Japão, negociaram tarifas recíprocas entre 15% e 20%, e a UE via o acordo do Japão com tarifa de 15% sobre automóveis como um avanço que valia a pena buscar. As negociações de Washington continuam ainda com Suíça, Coreia do Sul e Taiwan.
Trump disse que está “analisando acordos com três ou quatro outros países”, mas que “na maioria dos casos” os outros países com economias menores ou relações comerciais menos significativas com os EUA receberão cartas estabelecendo as novas alíquotas.
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Fonte: Valor Econômico