O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, e o conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, se encontraram nesta terça-feira em Pequim em um momento em que as potências rivais mantêm seu “canal estratégico de comunicação” para estabilizar as relações em meio a crescentes tensões, segundo relato da emissora estatal chinesa “CCTV”.
A visita de três dias de Sullivan ocorre logo após as mais recentes sanções de Washington contra empresas chinesas por supostamente ajudarem a Rússia na guerra contra a Ucrânia. Pequim criticou as sanções, classificando-as como “práticas erradas.”
Antes das conversas a portas fechadas em um resort próximo à capital, Wang descreveu a relação bilateral como “crítica” para o mundo e disse que passou por “altos e baixos”. Sullivan afirmou que discutiriam tanto acordos quanto desacordos que “precisam ser geridos de forma eficaz e substantiva.”
Por meio do engajamento de alto nível, a China visa contrariar o que descreve como a “percepção equivocada” de Washington sobre suas ações e intenções. Antes do encontro entre Sullivan e Wang, a agência estatal “Xinhua” instou Washington, em um comentário, a “mostrar respeito genuíno pelos interesses centrais e pela soberania da China.”
Em entrevista coletiva antes de voltar aos EUA, um alto funcionário da Casa Branca destacou o compromisso do país em gerenciar a competição com a China de maneira responsável, a fim de evitar que ela se transforme em um conflito.
Além de explorar a possibilidade de uma cúpula final entre o presidente dos EUA, Joe Biden, e o presidente chinês, Xi Jinping, antes de Biden deixar o cargo em janeiro, é esperado que Sullivan seguisse adiante com Wang em acordos anteriores entre os dois lados, incluindo comunicações militares, cooperação antidrogas e diálogo sobre inteligência artificial.
“Não é simplesmente as tensões na relação que tornam o ‘canal estratégico’ Sullivan-Wang importante”, disse Alan Yu, vice-presidente sênior do Center for American Progress. “É a complexidade da agenda e os respectivos ambientes políticos domésticos.”
Wang e Sullivan já se encontraram quatro vezes desde 2023, indicando a importância que ambos os países atribuem às interações, apesar de suas diferenças em uma série de questões.
“Sullivan e Wang têm uma relação em que, quando um fala, o outro entende as preocupações prioritárias de seus chefes, informados, mas separados do discurso público às vezes acalorado”, disse Yu.
Alguns analistas veem a última visita de Sullivan, que está programada para durar até quinta-feira, como parte de um esforço contínuo para evitar mal-entendidos, dadas as fricções sobre Taiwan e o Mar do Sul da China.
“Acho que esperar qualquer grande avanço é irrealista”, disse Ja Ian Chong, professor associado da Universidade Nacional de Cingapura. Ele também minimizou a possibilidade de outra cúpula Biden-Xi, dizendo: “Biden está em seus últimos meses como presidente dos EUA, e [a China] provavelmente está mais interessada em quem virá a seguir.”
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Fonte: Valor Econômico

