Especialistas já sabem há anos que perda de peso melhora a saúde cardíaca, mas não havia um medicamento contra obesidade efetivo e seguro o suficiente que reduzisse riscos
Por Jonel Aleccia, Associated Press — Nova York
O popular remédio para perda de peso Wegovy reduziu em 20% o risco de doenças cardíacas graves, segundo grande estudo internacional que pode alterar a forma como médicos fazem tratamento dos seus pacientes.
O estudo é o primeiro a documentar que um remédio contra obesidade não somente reduz peso, mas também pode prevenir ataques cardíacos, derrames ou mortes relacionadas ao coração em pessoas que já têm doenças coronárias.
A descoberta pode mudar a percepção que os remédios de nova geração contra obesidade são tratamentos meramente cosméticos e pressionar planos de saúde a adicioná-los em sua cobertura.
O Wegovy é uma versão de maior volume do Ozempic, utilizado no tratamento de diabetes e que também já mostrou efetividade na redução de problemas cardíacos para pessoas com a doença.
Especialistas já sabem há anos que perda de peso melhora a saúde cardíaca, mas não havia um medicamento contra obesidade efetivo e seguro o suficiente que reduzisse riscos.
Os resultados do estudo foram publicados no New England Journal of Medicine neste sábado e apresentados ao público em um congresso médico realizado na Filadélfia. O estudo foi pago pela Novo Nordisk, farmacêutica que produz o Ozempic e o Wegovy.
O estudo mostra que 569 pessoas que utilizaram o Wegovy, 6,5% do total de participantes tiveram ataque cardíaco, contra 701, 8%, que utilizaram placebo. Isso indica uma queda de 20% no risco de doenças do coração.
Ainda assim, os responsáveis pelo estudo alertam que não é possível determinar se a redução no risco aconteceu por conta do uso do Wegovy ou se foi resultado da perda de peso dos pacientes.
O Wegovy faz parte de uma nova geração de remédios injetáveis contra a obesidade. Nesta semana, o Food and Drug Administration (FDA) aprovou o Zepbound, nova versão do Mounjaro da Eli Lilly, para tratamento contra obesidade.
Esses remédios, que chegam a custar até US$ 1,3 mil nos Estados Unidos, não são cobertos pelos planos de saúde. O Medicare, plano de saúde público, é proibido de arcar com gastos por remédios contra perda de peso.
Fonte: Valor Econômico