Por Nikkei Asia, Valor — Washington
20/06/2023 17h52 Atualizado há 15 horas
Um possível enfraquecimento da economia da China pode aumentar as chances de uma crise no Estreito de Taiwan, ilha independente considerada parte do território chinês pelo governo da potência mundial. A previsão foi feita em relatório do Conselho de Relações Exteriores do Congresso americano, que analisou a relação entre Estados Unidos e Taiwan.
O texto diz que, caso a economia da China comece a patinar, o presidente chinês Xi Jinping pode abraçar ainda mais o nacionalismo em seu terceiro mandato.
No relatório, os especialistas alertaram que a política de quatro décadas de Washington para lidar com Taiwan desde o estabelecimento de relações diplomáticas com a China, em 1979, tornou-se “cada vez mais frágil”.
“Esta realidade, combinada com o desconforto de Xi com o status quo e a determinação de progredir em direção à unificação, aumenta o risco de um conflito”, disse o relatório, co-presidido por Mike Mullen, ex-presidente do Conjunto do Estado-Maior, e por Sue Gordon, ex-vice-diretora da Agência de Inteligência Nacional.
Envelhecimento e redução da população
O relatório, divulgado nesta terça-feira (20), também concluiu que a China provavelmente está entrando em um ciclo de desaceleração econômica de longo prazo, conduzida pelo envelhecimento e redução da população, repressão a empresas de tecnologia inovadoras e controles de exportação dos EUA sobre tecnologias avançadas.
“Como o crescimento econômico da China desacelerou sob Xi, ele passou a recorrer cada vez mais para o nacionalismo para justificar o monopólio do poder [do Partido Comunista Chinês]”, aponta o relatório. “Quando Xi se aproximar do fim do mandato e considerar o seu legado, o risco de um conflito sobre Taiwan aumentará.”
O relatório foi divulgado no dia seguinte à visita do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, à China. Embora as duas potências tenham concordado em manter as linhas de comunicação abertas, a viagem de Blinken reafirmou opiniões divergentes sobre o futuro de Taiwan, com o principal diplomata da China, Wang Yi, afirmando que Pequim não tem espaço para concessões em relação à ilha.
Cenário “particularmente preocupante”
O relatório citou um cenário “particularmente preocupante” para um conflito, no qual a China poderia, por exemplo, exigir que aeronaves civis e navios de carga com destino a Taiwan cumpram o controle de aviação e alfândega de Pequim, alegando que a China tem jurisdição sobre as águas e o espaço aéreo em torno de Taiwan.
Essa tática pode funcionar como um bloqueio eficaz, impedindo a livre circulação de mercadorias do mar e do ar para Taiwan e sufocando a economia da ilha. Se Taiwan tentar impedir tal operação militarmente, isso poderia levar a um conflito armado.
Fonte: Valor Econômico

