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A farmacêutica EMS, parte do conglomerado Grupo NC, começou a vender na última segunda-feira (4) duas marcas de canetas injetáveis de liraglutida para tratamento de diabetes e obesidade – Lirux e Olire, respectivamente. A empresa de Carlos Sanchez é a primeira farmacêutica brasileira a atuar no mercado dos chamados hormônios análogos do GLP-1, categoria das “blockbusters” Ozempic e Mounjaro.
As duas marcas da EMS, em dosagens de 6 miligramas de liraglutida cada, já estão disponíveis nas redes Drogarias São Paulo, Drogarias Pacheco, Drogasil e Droga Raia. A companhia iniciou a produção com capacidade de 250 mil canetas, número que deve chegar a 500 mil ainda no segundo semestre e alcançar 25 milhões no próximo ano. O patamar pode chegar a 40 milhões de canetas, caso haja investimentos para ampliação de produção.
Após dez anos e mais de R$ 1 bilhão em investimentos para o desenvolvimento da liraglutida nacional, incluindo pesquisa e estruturas fabris em Hortolândia (SP) e na Sérvia, a companhia aguarda os próximos meses para definir se vai exportar a liraglutida brasileira ou usar a estrutura para fabricar outros tipos de análogos de GLP-1. A patente da semaglutida, que atualmente pertence à Novo Nordisk com os medicamentos Ozempic e Wegovy, deve cair em março de 2026. Uma alteração nas linhas de produção já habilitadas para a liraglutida, segundo a companhia, já torna possível fabricar a semaglutida.
“Com a mudança da ordem de três ou quatro aminoácidos, vira um outro medicamento, é uma maneira simples de trabalhar. A semaglutida vence a patente no ano que vem e aí é uma decisão estratégica de qual princípio ativo vai vender para qual país, considerando os tarifaços e como devem ficar as cadeias de produção”, afirma o diretor médico da EMS, Iran Gonçalves Junior.
Além da semaglutida, que foi a estreia da categoria de análogos de GLP-1 no mercado, a dinamarquesa Novo Nordisk também foi a desenvolvedora da liraglutida, cuja marca comercial é a Saxenda.
Apesar da posição pioneira na categoria e da liderança de vendas do Ozempic nos últimos anos, o cenário de competição para a Novo Nordisk está mais difícil desde o lançamento do Mounjaro, caneta de tirzepatida da Eli Lilly. No Brasil, a caneta injetável estreou no mercado em meados de junho.
As canetas de liraglutida da EMS chegam ao mercado na faixa de R$ 300 a R$ 500, a depender da dosagem, abaixo dos concorrentes de até R$ 1,2 mil. A expectativa da companhia, porém, é de que Lirux e Olire sejam competidores do medicamento de referência para a liraglutida. O diretor médico da EMS não acredita em uma guerra de preços dentre os diferentes análogos de GLP-1. Segundo Gonçalves Junior, o Saxenda ainda é uma marca relevante do mercado e que pode ser confrontada com a produção brasileira.
“Nós temos que comparar liraglutida com liraglutida e semaglutida com semaglutida. Há diferenças na potência da perda de peso, mas todos são medicamentos eficazes e há prescrições do Saxenda que podemos competir”, afirma o executivo.
Em outra frente, a farmacêutica segue em busca de aquisições, após a tentativa frustrada de adquirir a concorrente Hypera – que desencadeou um acordo de acionistas contra a oferta considerada hostil. O alvo da vez é a Medley, da francesa Sanofi, segundo antecipado pelo colunista Lauro Jardim, de O Globo. Uma fonte informou ao Valor o interesse da EMS pela divisão de genéricos da Sanofi, que há meses aparece como possível alvo de concorrentes como União Química.
Procurada, a EMS não comentou o assunto. Já a Sanofi afirmou, por nota, que “não comenta especulações de mercado” e que “a Medley segue em operação”. Essa tem sido a resposta padrão da companhia a cada especulação sobre o possível comprador da gigante de genéricos, adquirida pela Sanofi pelo valor de R$ 1,5 bilhão em 2009. Fontes do mercado estimam que o ativo esteja avaliado em US$ 1 bilhão.
A Sanofi também anunciou, no último dia 31, Lucia Rossato como diretora-geral da Medley no país, “como um marco do processo de independência da unidade de negócios” iniciado em fevereiro deste ano. De acordo com a farmacêutica, o objetivo é dar mais “autonomia para inovar, crescer e responder rapidamente às demandas do setor”.
Fonte: Valor Econômico