As emissões de dívidas no exterior ganharam tração nesta semana com novas operações de nomes brasileiros no radar. O Tesouro Nacional levantou US$ 2 bilhões com uma oferta de títulos sustentáveis com prazo de sete anos. Já a XP deve começar na próxima semana apresentações aos investidores para uma operação que, segundo fontes, deve ficar entre US$ 500 milhões e US$ 750 milhões.
A demanda pelos títulos soberanos foi forte, de cerca de US$ 4,7 bilhões. Com o interesse pelos papéis, a taxa de remuneração (“yield”) ficou em 6,375% ao ano, abaixo dos 6,625% que serviam como referência aos investidores no início da oferta. O cupom ficou em 6,125% ao ano.
Em comparação com a operação mais recente do Tesouro envolvendo títulos verdes, de novembro de 2023, a taxa na ocasião também foi maior, de 6,5%. A redução é explicada pela demanda dos investidores.
A XP deve ser a próxima da lista a captar lá fora. A expectativa do mercado é que a precificação ocorra no dia 27 de junho. O dinheiro será utilizado na recompra de outros bônus que vencem em 2026 e para fins corporativos gerais.
A leitura de bancos é que as condições para as ofertas são boas, após um hiato provocado pela volatilidade dos mercados. “O sucesso da operação do Tesouro deve fazer com que mais empresas se mexam até o início das férias do Hemisfério Norte”, diz Caio de Luca Simões, chefe do mercado de capitais de dívida do Bank of America (BofA) no Brasil.
A Aegea reabriu na última segunda-feira uma oferta e levantou US$ 300 milhões também com títulos sustentáveis. Ao Valor, o diretor financeiro da Aegea, André Pires, disse na terça-feira que já estava nos planos da companhia uma nova captação quando as condições melhorassem.
Na emissão do Tesouro fechada nesta quinta, os recursos serão alocados para o pagamento de outras dívidas. Como o papel é rotulado como “verde”, há o compromisso de alocar o montante equivalente para o financiamento de projetos sustentáveis. A emissão é a segunda desse tipo feita pelo Tesouro. A primeira foi em novembro de 2023 e movimentou também US$ 2 bilhões. A taxa foi de 6,5%.
Em comunicado, o Ministério da Fazenda disse que a operação desta quinta teve como objetivo reafirmar o compromisso do Brasil com políticas sustentáveis, que vai ao encontro do crescente interesse de investidores estrangeiros e da expansão do mercado de títulos temáticos no mundo.
O volume movimentado em emissões de bonds em 2024 chega a US$ 13,95 bilhões, com 15 operações. Em 2023, foram cerca de US$ 15,5 bilhões. Captaram neste ano Cosan, 3R, Ambipar, FS, Azul, CSN, Raízen, Banco do Brasil, Votorantim Cimentos, Nexa Resources, BTG, Movida e Aegea. A expectativa de bancos é que o número ultrapasse US$ 20 bilhões até o fim do ano.
Fonte: Valor Econômico
