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O mercado internacional de dívida para os emissores brasileiros já bateu o volume emitido em 2023, em clara retomada dessa indústria, que a cada dia conta com a concorrência mais forte do mercado local. No ano até aqui, o volume financeiro chegou a US$ 16,4 bilhões, ante US$ 16,1 bilhões em todo o ano passado, conforme dados da Bond Radar. Em 2022, o volume foi de US$ 10,7 bilhões.
A consultoria também considera em sua contagem as emissões de empresas com atividade no Brasil, mas com domicílio no exterior. Esse é o dado também acompanhado pelo mercado. Sem essas emissões, o volume financeiro no ano chega a US$ 15,4 bilhões, ante US$ 16 bilhões em 2023.
O responsável pela emissão de dívida externa do Santander Brasil, Miguel Diaz, acredita que antes das férias no Hemisfério Norte – momento em que o mercado se fecha -, o Brasil poderá ter ainda três emissões, comprovando meses positivos para os emissores locais. “Estamos em modo de voo de cruzeiro”, comenta.
No entanto, o executivo do Santander reconhece que neste ano o volume deve ficar concentrado no primeiro semestre, dado que as eleições americanas tendem a aumentar o nível de volatilidade do mercado e, com isso, podem deixar as janelas para emissões mais estreitas. Para o ano, Diaz acredita em um volume de US$ 20 bilhões.
Pedro Frade, responsável pela área de renda fixa externa do Itaú BBA, aponta que neste ano o mercado de renda fixa internacional vem sendo marcado por “janelas”, momentos mais propícios para emissões, sendo um dos fatores geradores de volatilidade as eleições americanas. Até por conta disso, a aposta é que o mês de outubro seja mais desafiador para os emissores. “Os nomes que estamos conversando não têm necessidade de vir em julho, vai ser uma questão mercadológica”, explica. O executivo aponta que emissores com grau de investimento são bem demandados e que o timing de operação depende mais da preferência das companhias. “As empresas que já estavam olhando o mercado de perto já vieram, e as outras terão um impulso com melhora de risco Brasil”, diz.
A leitura, no geral, é que até o fim de julho outras empresas acessem o mercado externo para captar recursos. O maior volume, porém, deve ser concentrado em setembro, quando as atividades no Hemisfério Norte serão retomadas. “Muitos emissores têm buscado antecipar ao máximo as emissões para evitar o período eleitoral nos Estados Unidos”, diz Alexandre Castanheira, chefe da área de mercado de dívida do Citi. O receio é que as eleições presidenciais tenham impacto nos juros dos Treasuries, os títulos do Tesouro americano que servem de base para a remuneração dos papéis.
Bancos de investimento acreditam que o volume total do ano deve ultrapassar US$ 20 bilhões, aproximando-se da média histórica. O ano de 2023 foi um período de menos captações não apenas para o Brasil, mas para outros países da América Latina, segundo Castanheira. “De forma geral, havia uma expectativa de que as taxas de juros americanas baixassem. Além disso, no Brasil, também houve uma antecipação de captações ainda no ano de 2022 e os eventos de crédito, que acabaram impactando o apetite por ofertas.”
Apesar de o período também ser composto por janelas, existe a percepção de que o ritmo pode continuar. “O primeiro semestre veio bem forte, com investidores interessados em desembolsar os ‘inflows’ do ano e emissores confortáveis em emitir pela baixa histórica dos spreads. A expectativa é que esse movimento continue também no segundo semestre”, avalia Caio de Luca Simões, chefe do mercado de capitais de dívida do Bank of America (BofA) no Brasil.
Logo no primeiro mês de 2024, as ofertas voltaram com fôlego. A primeira, como é de praxe, foi do Tesouro Nacional, que captou US$ 4,5 bilhões com títulos de dez e de 30 anos. Em seguida, a Cosan puxou a fila das emissões corporativas, com uma oferta de US$ 600 milhões para amortizar parte dos empréstimos feitos para a compra de uma participação na Vale em 2022.
Alguns nomes estrearam no mercado de bonds após dois anos sem o debute de uma brasileira. A petroleira independente 3R Petroleum fez uma emissão de US$ 500 milhões, e a Ambipar, especializada em gestão de resíduos, levantou US$ 750 milhões.
Entre as operações corporativas, a maior foi da Raízen Energia, de US$ 1,5 bilhão. A empresa fez uma oferta em duas séries, uma delas com prazo de 30 anos, algo que não ocorria havia dois anos. Mais recentemente, em junho, a Vale captou US$ 1 bilhão também com uma série de 30 anos.
Fonte: Valor Econômico

