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A multinacional francesa Sanofi recebe hoje (10) as propostas não vinculantes pela Medley, uma das marcas pioneiras no mercado brasileiro de medicamentos genéricos, apurou o Valor. O negócio é avaliado entre R$ 1,5 bilhão e R$ 2 bilhões, segundo fontes a par do assunto.
Gigantes farmacêuticas nacionais e estrangeiras estão no páreo para levar o ativo, considerado o último portão de entrada no mercado de medicamentos genéricos. Além disso, a operação é vista como a única capaz de reequilibrar as forças, ou mudar o ranking dos maiores, no setor. “Quem levar o negócio já chega grande”, disse um empresário da indústria, em condição de anonimato.
Aché, Biolab, Cimed, Eurofarma, EMS, HyperaCotação de Hypera e União Química estão entre as farmas nacionais que devem apresentar proposta. Há também interesse de companhias indianas, entre elas a Torrent, que planejam fazer oferta.
A Sanofi está sendo assessorada pelo Lazard.
A Medley, que já foi líder do setor de genéricos e hoje está em terceira no ranking das maiores, foi colocada à venda pela Sanofi neste ano. A expectativa inicial da multinacional era levantar cerca de US$ 1 bilhão com o ativo, segundo uma pessoa a par do assunto.
Cerca de 60 grupos chegaram a avaliar o negócio e acessaram as informações financeiras do ativo. De acordo com fontes, são esperadas pelo menos 20 ofertas, com múltiplos variando entre 8 vezes e 12 vezes o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da fabricante de genéricos.
Cinco grupos deverão ser selecionados até fevereiro, quando se inicia a fase de ofertas vinculantes. A Sanofi espera concluir a transação em maio.
Empresários ouvidos sob reserva afirmam que grupos nacionais, como EMS e a HyperaCotação de Hypera, respectivamente a líder e a vice-líder no segmento, teriam maior sobreposição de medicamentos, se levarem o negócio. A aquisição, se feita por uma farmacêutica sem tanta presença no mercado de genéricos, seria mais estratégica. Por isso, laboratórios estrangeiros, principalmente indianos que atuam no país, ganhariam um “fast pass” se fecharem o negócio, com ganho expressivo de “market share”.
A multinacional francesa comprou a Medley em 2009, por cerca de R$ 1,5 bilhão, tomando a frente do mercado de genéricos local. A farmacêutica pertencia à família Negrão. Na época, a companhia adquirida tinha vendas anuais da ordem de R$ 500 milhões. Fontes ouvidas pela reportagem afirmam que o Ebitda da companhia gira em torno de R$ 200 milhões.
Em nota, o vice-presidente da EMS, Marcus Sanchez, disse que a companhia “acompanha de perto as movimentações do mercado e avalia, de forma contínua, ativos estratégicos colocados à venda”. “A companhia está atenta a oportunidades que possam reforçar sua presença no setor farmacêutico e ampliar o acesso da população à saúde”, acrescentou.
A Cimed, também em nota, disse que segue “em processo de avaliação do ativo e mantém seu interesse no negócio”.
Procurados, Aché e Eurofarma confirmaram que farão propostas. Lazard, Torrent e União Química não retornaram os pedidos de entrevista até o fechamento desta edição. Biolab e HyperaCotação de Hypera não comentaram o assunto.
Já a Sanofi, em nota, informou que está “avançando em sua transformação global para se tornar uma líder biofarmacêutica impulsionada por pesquisa e desenvolvimento, potencializada por IA, com foco em medicamentos e vacinas inovadores”.
“Neste momento, conforme anunciado com a nomeação de Lucia Rossato como diretora-geral da Medley em julho de 2025, o foco da Sanofi está em consolidar o processo de independência de sua unidade de negócios de genéricos, iniciado em fevereiro de 2025”, disse a multinacional francesa. O objetivo do processo de independência é liberar todo o potencial da Medley como líder no mercado de genéricos, com maior autonomia para inovar, crescer e responder rapidamente às demandas do setor.
Fonte: Valor Econômico