Com a renúncia do primeiro-ministro Shigeru Ishiba, a atenção agora se volta para quem buscará liderar o Partido Liberal Democrata (PLD), e possivelmente o Japão, em seu lugar.
Dois possíveis candidatos são o ministro da Agricultura, Shinjiro Koizumi, filho do ex-líder japonês Junichiro Koizumi, e Sanae Takaichi, ex-ministra de Segurança Econômica, que poderia se tornar a primeira mulher a ocupar o cargo de primeira-ministra do Japão.
Ambos foram fortes concorrentes à presidência do PLD em 2024, mas perderam para Ishiba.
Quem suceder Ishiba como primeiro-ministro precisará encontrar formas de trabalhar com os partidos de oposição como líder de um governo minoritário.
Ishiba anunciou que não disputaria a reeleição como presidente do PLD. Sua posição no partido havia sido enfraquecida pela perda da maioria na coalizão nas eleições da câmara alta em julho.
Ele citou lidar com tarifas dos Estados Unidos, criar uma agência de gerenciamento de desastres e promover aumentos salariais como algumas das áreas nas quais deseja que seu sucessor obtenha resultados.
Para concorrer à presidência do partido, os candidatos precisam do apoio de pelo menos 20 membros do PLD no parlamento. Além de Koizumi e Takaichi, outros possíveis candidatos incluem Takayuki Kobayashi, outro ex-ministro de Segurança Econômica; o secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi; e Toshimitsu Motegi, ex-secretário-geral do PLD.
Todos eles concorreram contra Ishiba na eleição presidencial do PLD em 2024.
Takaichi liderou uma pesquisa de opinião do “Nikkei Asia” no mês passado sobre quem estaria apto a ser o próximo primeiro-ministro, com 23% de apoio, seguida por Koizumi, com 22%.
Em sua primeira disputa pela liderança do PLD, em 2021, Takaichi ficou em terceiro lugar, com o apoio do ex-primeiro-ministro Shinzo Abe. Ela possui uma base de apoio entre parlamentares alinhados ao falecido líder japonês.
Na eleição presidencial do PLD em 2024, Takaichi liderou a primeira rodada de votação, mas foi ultrapassada por Ishiba no segundo turno. Ela recebeu o endosso de Taro Aso, ex-primeiro-ministro e líder da única facção ativa do partido.
Após a eleição, recusou-se a assumir a presidência do poderoso conselho geral do PLD e manteve distância do governo Ishiba.
Koizumi atuou como chefe da campanha do partido na eleição da câmara baixa em outubro de 2024, mas renunciou após o PLD não manter a maioria. O ministro da Agricultura, de 44 anos, assumiu o cargo depois que o anterior deixou o posto devido a uma gafe, e vem tentando reduzir o preço do arroz ao reformular a distribuição. Ele ficou em terceiro lugar na eleição presidencial do PLD em 2024.
Hayashi, que ficou em quarto lugar, já ocupou o cargo de secretário-chefe do gabinete, posição-chave como principal porta-voz do governo Ishiba.
Kobayashi possui algum apoio entre parlamentares de menor influência. Ele terminou em quinto lugar na eleição de 2024. “Quero consultar cuidadosamente meus colegas sobre o que posso fazer”, disse Kobayashi no domingo (7).
Motegi, o mais velho dos concorrentes com 69 anos, tem influência entre alguns membros da antiga facção Motegi do PLD. Ele ficou em sexto lugar na última eleição.
Na eleição presidencial do partido, cada parlamentar do PLD tem um voto e, como regra geral, um número igual de membros locais do partido e apoiadores também vota para eleger o líder.
Em situações especiais, a votação pode ser realizada em uma reunião conjunta das duas casas do parlamento, em substituição à convenção do partido.
Na primeira rodada de 2024, Takaichi recebeu 72 votos de parlamentares e 109 de membros do partido, enquanto Koizumi obteve 75 e 61, respectivamente.
Mas quem for eleito presidente do PLD nesta eleição não tem garantia de se tornar primeiro-ministro pelo parlamento. Se todos os partidos de oposição se unirem em torno de um candidato rival, o concorrente do PLD não poderá vencer.
A cooperação dos partidos de oposição também será essencial para aprovar o orçamento e a legislação. Para obter a maioria na poderosa câmara baixa do Japão, o próximo primeiro-ministro precisará do apoio do Partido Democrático Constitucional (centro-esquerda), do Partido da Inovação do Japão (conservador) ou do Partido Democrático pelo Povo (centro-direita), além da coalizão governista.
O próximo primeiro-ministro enfrentará inicialmente o desafio de chegar a um acordo com os partidos de oposição sobre o orçamento suplementar de 2025, bem como sobre o orçamento de 2026 e projetos relacionados à reforma tributária.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_63b422c2caee4269b8b34177e8876b93/internal_photos/bs/2025/K/i/zW7wpjQvmzEqB21h38BA/439381204.jpg)
Fonte: Valor Econômico

