A inteligência artificial (IA) dominou a abertura do Venture, evento para investidores realizado nesta segunda-feira (26), em Toronto, no Canadá
Por Daniela Braun*, Valor — Toronto, Canadá
Inteligência artificial (IA) é o assunto quente entre investidores de capital de risco, que buscam emoção em um mercado ainda cauteloso, sem perspectivas de grandes mudanças até o fim de 2023.
“IA é a parte quente do ecossistema, o restante está indo devagar”, disse Tomasz Tunguz, investidor americano do Vale do Silício (EUA), na abertura do Venture, um pequeno evento para investidores realizado nesta segunda-feira (26), em Toronto, no Canadá, antes da abertura do Collision 2023 — evento de inovação dos mesmos criadores do Web Summit, que acontece na cidade até quinta-feira (29).
Tunguz deixou o fundo Redpoint Ventures, onde autou por 14 anos, para criar o Theory Ventures, que levantou US$ 230 milhões para investir em empresas de tecnologia, com foco em aprendizado de máquina, web 3.0 e dados, em abril.
Enquanto a IA ganha espaço, o segmento de criptomoedas esfria tanto na visão de Tunguz como em sua colega de painel, Kelli Fontaine, sócia do Cendana Capital, um “fundo de fundos” também sediado na Califórnia, dedicado a empresas de tecnologia em estágio inicial.
“Enquanto a IA pode fazer um bolo crescer, a tecnologia blockchain [alicerce das criptomoedas, com aplicações disseminadas em diversos setores econômicos] mantém o bolo do mesmo tamanho”, comparou a sócia da Cendana, que tem a gestora brasileira Maya Capital entre seus parceiros.
A animação com IA não é novidade para o canadense Jordan Jacobs, sócio do Radical Ventures, fundo de capital de risco com cerca de 50 startups de IA investidas, que liderou uma das rodas de conversas entre investidores durante o Venture.
Curiosamente, o evento foi realizado em uma antiga fábrica de tijolos, em uma região mais afastada do centro de Toronto.
“Considerando que todo mundo sabe do que se trata o ChatGPT, do diretor-presidente a uma criança, e que os fundos de capital de risco estão em busca do setor do momento, houve uma valorização imensa em empresas de IA nos últimos seis meses”, observa Jacobs.
Na corrida entre gigantes de tecnologia como Microsoft, com a OpenAI, e Google, pelo domínio da IA generativa, o sócio da Radical VC diz que há espaço para startups que seguirem um caminho mais corporativo e citou a Unlearn, uma de suas investidas.
“A empresa focada em testes de medicamentos farmacêuticos criou uma reprodução digital de pacientes que tomam placebos em testes e que aplica IA para prever o efeito do placebo nestes pacientes”, explica Jacobs. “Isso, a Microsoft e o Google não vão fazer”, observa.
Aos investidores interessados, na roda de conversa, o sócio da Radical VC recomendou uma avaliação profunda de startups na área e um alerta para a valorização de outro ativo essencial nestas startups, os desenvolvedores especializados em IA. “Eles são caros”, disse.
Jacobs disse, ao Valor, que sairia mais cedo do evento para votar na eleição para a prefeitura de Toronto, realizada na segunda-feira (26). O voto não é obrigatório no Canadá, mas a concorrência pela gestão da cidade mais populosa do país teve 102 candidatos.
* A repórter viajou a Toronto a convite da organização do Collision 2023.
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Os investidores Kelli Fontaine, sócia do Cendana Capital, à esquerda, e Tomasz Tunguz, do Theory Ventures, ao centro, no painel de abertura do evento Ventures, em Toronto, no Canadá, realizado nesta segunda-feira (26 de junho de 2023) — Foto: Divulgação
Fonte: Valor Econômico
