Por Felipe Frisch, Valor — São Paulo
21/11/2023 11h36 Atualizado há 22 horas
A economia brasileira ficou parada no terceiro trimestre de 2023, em comparação aos três meses anteriores, considerando dados com ajuste sazonal, após recuar 0,6% em setembro ante agosto, informou o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) em seu Monitor do PIB.
Em relação aos mesmos períodos em 2022, o FGV Ibre observou crescimento da economia de 1,8% no terceiro trimestre e de 0,8% em setembro.
“A estagnação do PIB no terceiro trimestre, em comparação ao segundo, reflete a fragilidade de sustentação de crescimento da economia brasileira. A desaceleração da agropecuária e do setor de serviços, explica a estagnação da economia pela ótica da oferta. Pela ótica da demanda, destaca-se a desaceleração do consumo das famílias e a queda da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF). Embora tenha crescido em menor ritmo, o consumo das famílias apresentou pela nona vez variação positiva com o resultado do terceiro trimestre, demonstrando grande resiliência deste componente apesar do ambiente de juros elevados e do alto grau de endividamento das famílias. Já a FBCF encolheu no terceiro trimestre, principalmente devido ao desempenho negativo do segmento de máquinas e equipamentos”, diz Juliana Trece, coordenadora da pesquisa, em comentário no relatório.
O consumo das famílias cresceu 2,5% no terceiro trimestre. A desaceleração do crescimento do consumo em 2023, quando comparado ao ritmo de 2022, deve-se a menor contribuição do segmento de serviços.
“Embora esta contribuição ainda seja positiva, ela é significativamente menor do que foi em 2022, onde ainda havia um ambiente de normalização dos serviços, em decorrência da pandemia, e do forte estímulo fiscal. Apesar da menor contribuição positiva do consumo de serviços, desde meados de 2022 o consumo de produtos não duráveis tem contribuído de forma mais evidente para o total do consumo”, diz o FGV Ibre.
A FGV prioriza a análise desagregada dos componentes da demanda com base na série trimestral interanual por considerar que essa apresentar menor volatilidade do que as taxas mensais e aquelas ajustadas sazonalmente, permitindo melhor compreensão da trajetória de seus componentes.
A formação bruta de capital fixo (FBCF) retraiu 5,3% no terceiro trimestre do FGV Ibre. “Esta queda deve-se, quase que exclusivamente, ao segmento de máquinas e equipamentos, embora o segmento da construção também tenha retraído. O forte recuo do segmento de máquinas e equipamentos é de certa forma generalizado, com destaque para o segmento de caminhões e ônibus.”
A exportação de bens e serviços cresceu 10,6% no terceiro trimestre. Segundo o FGV Ibre, o resultado do terceiro trimestre seguiu o padrão que tem sido observado ao longo do ano em termos de contribuição, com as exportações de produtos agropecuários e da extrativa mineral sendo as grandes responsáveis pelo forte crescimento das vendas externas.
A importação de bens e serviços retraiu 7,0% no terceiro trimestre do FGV Ibre. Essa queda é explicada, quase que exclusivamente, pela importação de bens intermediários. “Embora durante todos os meses de 2023 se tenha observado recuo das taxas trimestrais móveis destes segmento, as contribuições negativas da importação de bens intermediários tornaram-se mais evidentes a partir do trimestre móvel findo em julho.”
Em termos monetários, o FGV Ibre estima que o acumulado do PIB até o terceiro trimestre, em valores correntes, foi de R$ 8,05 bilhões.
Fonte: Valor Econômico
