O dólar à vista exibe apreciação consistente na sessão desta segunda-feira, tendo encostado no patamar de R$ 5,19 na máxima do dia. A dinâmica é resultado de um conjunto de fatores, puxado principalmente por alguma aversão a risco por conta da crise no Oriente Médio, além da resiliência da economia americana. Operadores mencionam também movimentos técnicos – como o possível fechamento de posição de investidores relevantes. Na sessão, moedas emergentes da América Latina estão entre as mais penalizadas.
Perto das 13h20, o dólar comercial era negociado em alta de 1,18%, cotado a R$ 5,1814, depois de ter tocado a mínima de R$ 5,1049 e encostado na máxima de R$ 5,1908. O contrato futuro da moeda americana para maio exibia apreciação de 1,21%, a R$ 5,1890. Já o euro comercial tinha valorização de 1,19%, a R$ 5,5128.
No início das negociações de hoje, o dólar ensaiou queda, mas minutos depois passou a subir com consistência. Ainda que a crise no Oriente Médio não tenha se desdobrado para um conflito entre Irã e Israel, os agentes financeiros seguem cautelosos com o tema. Não bastasse isso, hoje pela manhã os dados do varejo de março dos Estados Unidos vieram muito acima do esperado pelo mercado, reforçando mais uma vez que a economia americana segue muito bem, apesar dos juros altos por lá. Assim, a chance de cortes das taxas no curto prazo vão sendo empurradas para cada vez mais longe.
Além do já mencionado, a preocupação com a mudança da meta fiscal aqui no Brasil fez que o real fosse ainda mais penalizado mais cedo. Diante desse contexto todo, investidores podem estar ajustando suas perspectivas em torno do desempenho do real. Conforme disse o operador de um grande banco, sem fundamentos claros para explicar essa penalização mais forte da moeda brasileira hoje, a leitura que se tem é que algum grande “player” pode estar se desfazendo de posições.
Na última sessão, a aposta do investidor local na valorização do real teve uma leve alta, de US$ 385 milhões, para o patamar de US$ 8,4 bilhões. Cabe lembrar que no começo do ano essa aposta no real via contratos futuros, mini dólar, swap e cupom cambial (DDI) chegou a US$ 17,4 bilhões.
Diante dos recentes dados fortes nos EUA e com a reprecificação dos ativos de risco globais, o Banco Pine alterou sua estimativa para o câmbio no fim deste ano. Para o final do ano, o câmbio deve ficar negociado a R$4,85 por dólar ante estimativa anterior de R$4,75 por dólar.
“Vemos como provável que apenas no segundo semestre – com o cenário mais claro nos EUA – o real volte a se comportar na direção do que apontam os modelos de longo prazo e que ainda mostram a tendência de valorização do câmbio real”, informa o economista-chefe do banco, Cristiano Oliveira, em nota.
Segundo Oliveira, “o acúmulo de incertezas econômicas e geopolíticas no âmbito internacional (inclusive proximidade das eleições presidenciais nos EUA e o agravamento da situação no Oriente Médio) tendem a fortalecer o dólar globalmente e impactar a cotação do real brasileiro e outras moedas nos próximos meses”.
Fonte: valor econômico

