Por Olívia Bulla — De São Paulo
27/05/2022 05h03 Atualizado há 4 horas
Uma moeda digital emitida pelo Federal Reserve (o banco central dos EUA) pode coexistir e até mesmo complementar as chamadas “stablecoins”, que são moedas com lastro em divisas fiduciárias, avalia a vice-presidente do Fed, Lael Brainard.
“Em certas circunstâncias futuras, a moeda digital do Fed pode coexistir com e mesmo complementar as stablecoins e o dinheiro de bancos comerciais, ao fornecer um ativo seguro do banco central no ecossistema financeiro digital, tal como o dinheiro que atualmente coexiste com o dinheiro de bancos comerciais”, disse Brainard na Câmara dos Representantes, em discurso preparado divulgado pelo Fed.
A vice-presidente da autoridade tem sido a proponente mais vocal do banco central dos Estados Unidos para experimentar dinheiro digital emitido pelo governo usando a tecnologia de criptomoedas como o bitcoin, que explodiram em popularidade ao mesmo tempo em que o uso de papel-moeda emitido pelo Fed diminuiu nos últimos anos.
Brainard compareceu ontem perante o Comitê de Serviços Financeiros da Câmara para defender esses experimentos após a considerável volatilidade nos mercados de criptomoedas. Ela disse que o dinheiro físico fornece ao público acesso a dinheiro seguro emitido pelo banco central, livre do risco de que vá à falência, ao contrário de moedas digitais privadas, como a Terra.
As stablecoins privadas “não compartilham as mesmas proteções que sustentam a confiança no dinheiro dos bancos comerciais, como o seguro de depósito”, afirmou Brainard, acrescentando que “essas novas formas de dinheiro podem perder seu valor prometido em relação ao dólar, prejudicando os consumidores e criando riscos de estabilidade financeira”.
“Já vimos antes os riscos representados pelo uso generalizado de dinheiro privado”, acrescentou. “No século 19, a concorrência ativa entre os emissores de notas de papel privado levou à ineficiência, à fraude. Foi tão difundido que levou à necessidade de uma moeda nacional uniforme.” (Com Dow Jones Newswires)
Fonte: Valor Econômico

