Por Bloomberg
23/05/2022 05h02 Atualizado há 5 horas
Dentro do J.P. Morgan Chase & Co., executivos seniores contam com o evento do dia do investidor para se redimirem de uma teleconferência rotineira ocorrida em janeiro, agora amplamente vista como desastrosa.
As ações da instituição vêm cambaleando desde que, naquela teleconferência, o CEO, Jamie Dimon, e o diretor financeiro, Jeremy Barnum, informaram os analistas sobre os resultados do banco no final do ano passado e previram um aumento inesperado nas despesas.
Naquela manhã em meados de janeiro, à medida que o par repassava o plano da instituição de aumentar os gastos, as ações do banco, que já operavam em queda, começaram a ceder ainda mais – em sua maior baixa em um dia desde 2020.
O dia do investidor da instituição, nesta segunda-feira – o primeiro desde o início da pandemia – visa acalmar os acionistas, oferecendo mais clareza sobre as despesas mais altas. Com suas ações caindo cerca de 25% este ano, no pior desempenho entre seus maiores pares de Wall Street – e após uma forte rejeição pelos investidores do pacote de compensação de Dimon, na semana passada -, as apostas para o encontro são altas.
“Vejo este dia do investidor como o J.P. Morgan jogando mais na defesa, tentando defender como sua disciplina financeira é tão boa quanto no passado”, disse Mike Mayo, analista de banco veterano do Wells Fargo & Co. “Eles estão mostrando recorde de crescimento de despesas e menos excesso de capital”.
Na teleconferência de janeiro, o banco previu um aumento de 8,6% nos gastos, com o objetivo de criar ofertas, acelerar a tecnologia e competir por talentos. Mayo, que fez repetidos pedidos de mais informações sobre como as recentes aquisições e gastos do banco serão recompensados, rebaixou sua recomendação sobre as ações em resposta.
Se Dimon, de 66 anos, pode recolocar a instituição nas boas graças de seus investidores – como ele fez tantas vezes em sua carreira – dependerá de como o banco demonstra controle das despesas em meio a crescentes preocupações com o crescimento econômico dos EUA.
A agenda de investimentos do J.P. Morgan “deve estar na frente e no centro” no dia do investidor, escreveu a analista do Credit Suisse Group AG, Susan Katzke, em nota na quarta-feira.
“Parece bem claro que o mercado quer ouvir mais de nós e estamos ansiosos para contar a história e levar algum tempo para entrar em mais detalhes”, disse o diretor financeiro Barnum em fevereiro, ao anunciar os planos da empresa de realizar o evento. Barnum deverá se apresentar junto com Dimon e outros executivos, incluindo o presidente Daniel Pinto e as co-chefes de banco de varejo Marianne Lake e Jennifer Piepszak.
Os investidores concentraram-se nas despesas após a recente onda de compras do J.P. Morgan, com o ano passado tendo sido o mais ativo para aquisições e investimentos estratégicos desde pelo menos a crise financeira. O banco gastou quase US$ 5 bilhões em aquisições nos últimos 18 meses, acrescentando cerca de US$ 700 milhões às suas despesas incrementais de investimento neste ano, escreveu Dimon em sua carta anual aos acionistas, em abril.
Com o tempo, os investimentos “devem se pagar por si mesmos”, disse Dimon durante a reunião anual da empresa na última terça-feira, prometendo que mais detalhes seriam divulgados no dia do investidor.
Além dos custos, as expectativas de receita também estarão no topo da agenda, principalmente porque o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) continua a aumentar as taxas de juros. Dimon disse na última terça-feira que, embora o J.P. Morgan já tenha levantado sua orientação de receita líquida de juros para refletir seis aumentos de 25 pontos-base, a instituição agora espera mais aumentos e fornecerá novas orientações no evento de hoje.
Se os investidores serão aplacados depende de “uma maior apreciação pela agenda de investimentos da administração”, disse Katzke, do Credit Suisse, bem como “uma capacidade de enxergar além dos riscos no ambiente operacional”.
Fonte: Valor Econômico
