Grandes doadores do Partido Democrata acreditam que o presidente dos EUA, Joe Biden, está próximo de abandonar a corrida pela reeleição, depois que ameaçaram interromper o financiamento da campanha. Ao mesmo tempo, com líderes mais graduados do partido, incluindo os mais próximos de Biden, ampliando o coro pela desistência, analistas creem que a dúvida passa a ser quando — e não se — ele anunciará a saída.
Nos últimos dias, os doadores de Wall Street a Hollywood têm dito aos líderes das bancadas democrata no Senado, Chuck Schumer, e na Câmara, Hakeem Jeffriese, que não farão transferências enquanto Biden for o candidato à Presidência. “A pressão é intransponível”, disse um democrata em Washington, prevendo que Biden estaria “fora até segunda-feira”. Outras pessoas próximas do partido disseram que isso pode ocorrer antes.
Isolado com covid-19 em sua casa de veraneio em Delaware, Biden — de acordo com versões de imprensa — estaria “mais aberto” à possibilidade de desistir da corrida presidencial. Entre os notáveis democratas que passaram a duvidar das chances de Biden vencer estão o ex-presidente Barack Obama, a ex-presidente da Câmara Nancy Pelosi e o ativista de direitos civis reverendo Al Sharpton.
Pesquisas têm mostrado o adversário republicano de Biden, Donald Trump, avançando nos Estados decisivos. Em âmbito nacional, o tracking do site Real Clear Politics mostrava ontem os dois candidatos empatados tecnicamente, mas com Trump numericamente à frente por 47,7% a 44,7%.
Outra sondagem, da AP/Centro Norc, revelou que mais de 80% dos democratas querem outro candidato na cabeça da chapa do partido. Fontes em Washington têm dado a entender que pesquisas qualitativas internas do Partido Democrata apontam para prognósticos ainda mais catastróficos no caso de Biden seguir na disputa — numa indicação de que isso poderia reduzir também as chances de candidatos à Câmara, ao Senado e a vários cargos nos Estados.
Um deputado democrata disse que a crise partidária, que começou em junho com o desempenho desastroso de Biden, de 81 anos, em um debate com Trump, havia atingido um “ponto de ruptura”. “Não vejo como ele possa sobreviver a isso”, afirmou o legislador. Estrategistas do partido já desenham o cenário para a campanha sem Biden.
“A realidade está se estabelecendo”, disse uma fonte democrata ao jornal “The New York Times”, acrescentando que “não deve ser uma surpresa se o presidente anunciar, em breve, que endossará a vice-presidente Kamala Harris como sua substituta.
Nancy Pelosi, de 84 anos, que está em contato estreito com Biden, via telefone, disse diretamente ao presidente que está pessimista sobre suas chances, informou a rede de TV CNN. Ela deixou claro que a insistência dele em se manter na corrida colocava em risco o futuro do partido tanto na Câmara quanto no Senado. A visão do partido é a de que eleitores democratas não estarão estimulados a sair para votar sem que o candidato à presidente tenha chance de vitória.
O reverendo Al Sharpton, que foi pré-candidato à presidência nas primárias de 2004 e tem grande ascendência sobre as minorias afro-americanas e latinas de Nova York, afirmou, ontem, ter dito a Biden que “permanecer na disputa poderia colocar em risco grande parte do legado” do presidente.
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Fonte: Valor Econômico

