Por Larissa Garcia e Alex Ribeiro, Valor — Brasília
27/09/2023 10h50 Atualizado há 3 horas
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, reforçou nesta quarta-feira, em audiência na Câmara, que o processo de desinflação “está em curso”, mas que ainda requer uma política monetária restritiva.
“A principal mensagem aqui é falar sobre o que a gente chama de pouso suave, que é baixar a inflação com o mínimo de custo possível”, afirmou. Segundo ele, a média da taxa de juros brasileira está em trajetória de queda em relação ao padrão histórico.
Campos também defendeu o regime de metas para inflação e disse que o sistema reduz a inflação e o custo de trazer os preços para baixo.
“A gente olha também as expectativas de inflação. Por que a gente olha as expectativas? Talvez seja uma das coisas mais difíceis de se explicar. Porque um movimento de juros hoje leva um tempo para fazer efeito”, ressaltou. “A expectativa gera a própria inflação, quando as pessoas acham que a inflação vai aumentar, elas reajustam os preços”, complementou.
Campos disse que o BC começou a olhar expectativas de consumidores, “que são até mais altas” que as do mercado financeiro.
Ele afirmou ainda que o Brasil “teve uma queda maior” de inflação com um “custo de atividade muito menor” em relação a outros países.
“Temos dificuldade em ver outros países que fizeram esse processo com um custo tão baixo para a sociedade”, afirmou. Segundo ele, o país está com “desinflação acentuada”.
“A inflação que saiu recente, o IPCA-15, foi quase todo preço de gasolina”, comentou, enfatizando a queda em alimentos, bebidas e energia.
“A inflação no Brasil caiu bastante. A gente tem um efeito estatístico [em 12 meses] que faz a inflação voltar. Os núcleos seguem em queda, a inflação cheia caiu e voltou”, destacou.
“Em grande parte a gente vê um processo de inflação que está convergindo”, acrescentou.
Campos afirmou que as expectativas de inflação pararam de cair há um tempo, mas estão “em nível melhor”. “Foi uma decisão muito acertada manter a meta em 3%, ajudou o BC no processo”, elogiou.
O presidente do BC destacou que o último dado de crescimento trouxe melhora do consumo, “que vem da confiança do consumidor”. “O que mais explica a confiança do consumidor é a inflação. Se você acha que vai ter consumo sustentável com inflação alta, isso não acontece”, disse.
Ele afirmou, ainda, que economistas têm errado as previsões para a atividade econômica e têm sido mais pessimistas, o que o faz pensar em “algo estrutural”.
“O tema do crescimento potencial talvez seja revisado para cima [no mercado]”, pontuou. Campos ressaltou que a massa de renda real “começou a subir lentamente” e que “parte da melhoria de produtividade vem do agro”, mas está “vendo melhora”.
Fonte: Valor Econômico

