Por Owen Walker, Financial Times
15/10/2022 09h20 Atualizado há 2 dias
O Credit Suisse prepara a venda de partes de seu sua operação doméstica na Suíça enquanto tenta fechar um buraco de capital de cerca de 4,5 bilhões de francos suíços (cerca de US$ 4,5 bilhões), segundo pessoas informadas sobre as discussões.
Com menos de duas semanas até que o banco apresente planos para uma reformulação estratégica radical, os executivos também estão nos estágios finais de preparar uma pesada rodada de cortes de empregos, o que pode afetar até 6 mil dos 50 mil funcionários do grupo no mundo.
Ulrich Körner foi nomeado presidente-executivo do Credit Suisse durante o verão (do Hemisfério Norte) com um mandato para reduzir a área de banco de investimentos, envolvida em problemas, e fazer uma redução de custos de 1,5 bilhão de francos, após uma sucessão de escândalos nos últimos anos que levaram as ações da instituição financeira às mínimas históricas.
Embora a maior parte da atenção até agora tenha se concentrado em alienações do banco de investimento — com executivos confiantes em vender todo ou parte do lucrativo negócio de produtos securitizados —, o conselho de administração também tem se voltado a levantar fundos por meio da venda de partes não essenciais de suas operações domésticas, conhecidas como Banco Universal Suíço.
Ainda que a operação doméstica principal — que oferece uma gama de serviços corporativos, de private banking e de varejo na Suíça — deva permanecer intacta, a instituição negocia a venda de diversas subsidiárias e participações em outros negócios.
As partes consideradas para venda incluem: uma participação no SIX Group, que administra a bolsa de valores de Zurique; uma participação de 8,6% na Allfunds, uma empresa de investimento espanhola cotada em bolsa; dois bancos suíços especializados, Pfandbriefbank e Bank-Now; e Swisscard, uma joint venture com a American Express.
O Credit Suisse detém participação na Allfunds desde 2019 e o negócio foi listado no ano passado com uma capitalização de mercado de 7,2 bilhões de euros. Desde então, suas ações caíram pela metade, o que significa que a participação de 8,6% do Credit Suisse vale cerca de 374 milhões de francos.
O banco também está tentando vender uma propriedade de referência, o Savoy, com dois séculos de existência, o grande hotel mais antigo de Zurique, que fica de frente para a sede do banco na Paradeplatz.
O hotel de luxo, que está sendo reformado e deve reabrir em 2024, pode valer 500 milhões de francos, segundo pessoas ligadas ao banco.
O conselho descartou alienações dos negócios de gestão de ativos e private banking do Credit Suisse, de acordo com pessoas com conhecimento dos planos, embora continue saindo de mercados pequenos e não lucrativos. O Credit Suisse este ano já encerrou suas operações de gestão de patrimônio no México e na África Subsaariana.
Analistas têm debatido o tamanho do buraco de capital que resultará das mudanças que o banco está promovendo, com o Goldman Sachs nesta semana colocando o valor em 8 bilhões de francos suíços.
Porém, o conselho do banco está confiante em que será de cerca de 4 bilhões de francos a 4,5 bilhões de francos, depois de levar em consideração os custos de reestruturação e legais, segundo fontes familiarizadas com os planos.
O conselho e a equipe executiva do banco vêm avaliando cada parte do negócio em três critérios principais: rentabilidade, necessidade de capital e importância para o negócio de gestão de patrimônio.
O negócio de produtos securitizados, com sede em Nova York, foi avaliado como muito intensivo em capital e tendo pouca sinergia com o negócio de patrimônio, que se tornará o foco principal do banco após a reestruturação estratégica. A rentabilidade da unidade tornou o negócio mais fácil de vender.
Pessoas envolvidas nas discussões sobre a unidade disseram estar confiantes em fechar uma venda até 27 de outubro e estão considerando propostas de vários pretendentes, que vão desde a compra de toda a divisão ou de partes dela.
Eles interlocutores confirmam que houve interesse dos investidores americanos Apollo Global Management, Pimco, Sixth Street Partners e Centerbridge Partners, bem como do banco japonês Mizuho Financial Group, que havia sido relatado anteriormente pela Bloomberg e pelo “The Wall Street Journal”.
O analista do J.P. Morgan Kian Abouhossein elevou sua recomendação para as ações do Credit Suisse de “underweight” (abaixo da média do mercado) para neutro na semana passada, dizendo que espera que o negócio de produtos securitizados seja vendido.
A unidade, ele previu, produzirá 1,2 bilhão de francos suíços de receita em 2024, o que significa que seu lucro antes de impostos de 400 milhões de francos seria responsável pela maior parte do lucro total de 700 milhões de francos do banco de investimento.
O Credit Suisse declinou de comentar, dizendo que forneceria uma atualização completa sobre o plano estratégico em 27 de outubro. (Colaborou Laura Noonan)
Fonte: Valor Econômico

