A melhora do mercado de trabalho e a inflação controlada impulsionaram a expectativas do consumidor em julho, principalmente nas faixas de renda mais baixas, e contribuíram para que o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) tivesse a segunda alta seguida.
O indicador, calculado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), subiu 1,8 ponto este mês, para 92,9 pontos.
O Índice de Expectativas (IE) avançou em 3 pontos, para 101,1 pontos, também na segunda alta seguida. O Índice da Situação Atual (ISA) estabilizou em 81,6 pontos, mantendo-se no maior nível desde novembro de 2023, quando marcou 82 pontos.
A economista Anna Carolina Gouveia, do FGV Ibre e responsável pelo indicador, destacou que a percepção financeira futura das famílias foi fundamental para a escalada do IE, ao subir 6,7 pontos entre junho e julho, para 107,1 pontos no maior nível desde os 107,6 pontos de agosto de 2023. Em contrapartida, ressaltou, o indicador da situação financeira atual da família recuou 0,5 ponto.
Gouveia destaca que, enquanto as perspectivas para a situação financeira futura oscilam acima do patamar de 100 pontos – o que indica otimismo por parte do consumidor – a situação financeira atual fechou julho em 71 pontos, no terreno do pessimismo.
A economista lembra que, enquanto a situação financeira futura da família avançou 12,7 pontos desde dezembro do ano passado, a situação financeira presente teve quatro altas e duas quedas desde fevereiro e, este ano, subiu apenas 1,5 ponto.
“O crescimento tem sido moderado e vem da percepção futura das famílias”, diz Gouveia, que frisa a importância da melhora do mercado de trabalho para esse comportamento da confiança. “A melhor do mercado de trabalho continua, mas as famílias vinham de uma condição financeira ruim, endividadas. E os indicadores retratam a melhora gradativa do presente financeiro, mas vinculada ao futuro”, pondera a economista.
No IE de julho, além da situação futura das finanças familiares, o componente que mede o ímpeto de compras de bens duráveis aumentou pela segunda vez consecutiva, agora em 2,7 pontos, para 84 pontos. E a perspectiva para a situação futura da economia caiu 0,9 ponto, para 109,4 pontos.
No ISA, enquanto a percepção sobre as finanças pessoais das família caiu 0,5 ponto, para 71 pontos, a percepção sobre a economia local avançou 0,5 ponto, para 92,5 pontos.
Gouveia também destaca o comportamento da confiança por faixas de renda. Em julho, a confiança do consumidor com renda até R$ 2.100,00 por mês subiu 1 ponto, enquanto a do consumidor com renda entre R$ 2,1 mil e R$ 4,8 mil avançou 5,2 pontos.
Em contrapartida, a faixa entre R$ 4.800,01 e R$ 9.600,00 recuou 0,5 ponto e a faixa com renda acima de R$ 9.600,01 viu a confiança subir apenas 0,5 ponto. Curiosamente, a confiança das três primeiras faixas é a mesma, de 92,4 pontos, enquanto na faixa mais alta o patamar é de 93,6 pontos.
“A melhora da confiança está muito vinculada às duas rendas mais baixas, o que está em linha coma consolidação do cenário de mercado de trabalho muito bom e com a inflação controlada, que são pontos primordiais para quem está nas rendas mais baixas”, afirma Gouveia, lembrando que, desde março, a confiança das duas primeiras faixas de renda só recuou em maio, fruto das incertezas provocadas pela tragédia climática no Rio Grande do Sul.
Fonte: Valor Econômico

