Os Treasuries, títulos do Tesouro dos EUA, amargaram sessão de perdas ontem em meio à postura conservadora do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) vista em comentários de dirigentes e na ata da reunião de janeiro do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc). A contaminação dos mercados locais, no entanto, foi limitada, diante de um histórico recente já negativo.
O rendimento da T-note de dois anos subiu de 4,619% na véspera para 4,67%, e o da T-note de dez anos avançou de 4,280% para 4,320%. Por aqui, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 oscilou de 9,98% para 9,985%; e a do DI para janeiro de 2027 recuou de 9,96% para 9,925%. O Ibovespa teve leve alta de 0,09%, a 130.032 pontos, e o dólar subiu 0,13%, para R$ 4,9384.
Investidores se debruçaram sobre a ata do Fomc, divulgada à tarde. A comunicação um pouco mais conservadora dos membros se confirmou no texto, mas o ajuste das apostas nos últimos dias em relação ao ciclo de cortes de juros já contemplava o cenário de início em junho e, assim, houve pouca alteração nos principais ativos.
Mais cedo, no entanto, falas do presidente do Fed de Richmond, Thomas Barkin, já haviam pressionado os juros. Ele afirmou que os dados de inflação em janeiro complicam as próximas decisões do banco central dos EUA sobre taxas de juros. E, embora tenha dito que estava relutante em dar “muito peso” às leituras por conta de questões sazonais, disse que elas não tornaram as coisas mais fáceis.
Segundo o gestor de renda fixa da BlueLine Asset Management, Bruno Santos, a ata trouxe poucas novidades, ainda que alguns sinais mais duros tenham sido observados. “Mas como já tivemos uma reprecificação do início do ciclo de cortes de março para junho, não trouxe muito impacto para a precificação atual”, aponta. “É importante ficar de olho nos próximos dados de atividade e de inflação para qualquer tipo de mudança.”
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_63b422c2caee4269b8b34177e8876b93/internal_photos/bs/2024/K/v/BMeJ5bRBWPqgedshl7xA/arte22fin-102-mercados-c2.jpg)
Nesse contexto, a BlueLine tem algumas posições “tomadas” (que ganham com a alta das taxas) na parte intermediária e longa da curva de juros dos EUA, ao mesmo tempo em que mantém posições “aplicadas” (que ganham com a queda das taxas) em países com atividade econômica mais fraca e que devem iniciar o ciclo de afrouxamento monetário antes do Fed.
Fonte: Valor Econômico

