Por Victor Rezende, Valor — São Paulo
05/09/2023 08h58 Atualizado há 35 minutos
Na esteira de um crescimento econômico mais forte que o esperado no segundo trimestre, o Citi elevou sua projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano de 2,3% para 3,1%, mas manteve inalterada a estimativa de expansão de 1,5% em 2024. E, diante das indicações renovadas de resiliência da atividade econômica, o banco não espera mais uma aceleração no ritmo de cortes na Selic neste ano. O Citi, assim, elevou sua estimativa para a Selic de 11,5% para 11,75% no fim deste ano, enquanto espera que o juro básico caia a 9% em 2024, mas vê chances de um ciclo de flexibilização monetária menor.
“Não esperamos mais uma aceleração nos cortes na taxa básica de juros em 2023. O hiato do produto mais fechado e suas implicações para a dinâmica da inflação de serviços provavelmente reduzirão a flexibilidade do Copom para acelerar os cortes nos juros do ritmo atual de 0,5 ponto percentual ao longo deste ano”, dizem os economistas Leonardo Porto, Paulo Lopes e Thais Ortega. “Apesar de mantermos a visão de que o Copom reduzirá a Selic até o nível neutro nominal estimado de 9% em meados de 2024, os riscos de um ciclo de flexibilização menor são crescentes, especialmente se a atividade econômica e o mercado de trabalho continuarem nos surpreendendo no lado altista.”
Na visão dos economistas do Citi, a resiliência do mercado de trabalho explica parte da robustez da demanda interna. “Embora a taxa de juros real ex-ante esteja acima do nível neutro estimado (em torno de 5%) desde o quarto trimestre de 2021, a taxa de desemprego continua a cair de forma consistente, atingindo seu ponto mais baixo desde o primeiro trimestre de 2015”, observam os profissionais. Para eles, o fortalecimento “inquestionável” do mercado de trabalho explica parte da dinâmica robusta do consumo privado.
A queda constante da taxa de desemprego em um contexto de aumento expressivo dos salários reais “são indicações de que o forte crescimento do PIB está reduzindo o hiato do produto”, na visão dos profissionais do Citi. Para eles, um hiato do produto mais fechado representa riscos para o processo desinflacionário. “Nessas condições e, dada a relação entre a atividade econômica e a inflação, vemos riscos crescentes para o atual processo desinflacionário”, dizem Porto, Lopes e Ortega. No momento, o Citi projeta um PIB estável no terceiro trimestre e um ligeiro aumento, de 0,1%, no quarto trimestre.
Fonte: Valor Econômico