Quando o empresário João Adibe Marques soube que o Palmeiras havia lançado a camisa amarela, terceiro uniforme em homenagem ao dia em que representou a seleção brasileira, pegou o celular e fez uma provocação ao diretor de marketing, Everaldo Coelho, e ao superintendente do mesmo departamento, Eduardo Silva.
“Quem sabe agora vou poder realizar meu sonho, que é ser patrocinador do Palmeiras com a camisa amarela”, escreveu o dono da Cimed em mensagem aos dois, citando a cor que é a identidade visual da farmacêutica do qual o empresário é CEO. Semanas depois, o acordo estava selado.
Em outubro, foi anunciado o retorno da Cimed ao Palmeiras como parceira comercial. “Acho que foi uma jogada de marketing sensacional deles”, diz o empresário de 53 anos em entrevista ao Estadão.

A estimativa é de que o contrato, válido até o fim de 2027, renda, entre fixos e variáveis, R$ 57 milhões ao clube, que apresenta a Cimed na omoplata de todas as camisas de jogo, treino e viagem dos times masculino e feminino. Mas esse valor pode crescer significativamente, segundo prevê Adibe.
“Tem o fixo mínimo que está envolvido dentro desse valor e ele pode aumentar desproporcionalmente, dependendo do que a gente tiver de criatividade e o que o torcedor palmeirense tiver também de paixão para comprar aquele produto que está patrocinando o time dele”, detalha.
Os valores são divididos entre o pagamento fixo, bônus referentes a premiações e royalties ligados às vendas dos produtos da farmacêutica.
Se vender ou não vender a empresa honra com o que está escrito, só que ele não tem limite. O que significa não ter limite? Quanto mais vender, mais o Palmeiras recebe.
João Adibe sobre patrocínio ao Palmeiras
“É um mais mais”, acredita o executivo que também trabalha como influenciador da própria marca nas redes sociais.
Em janeiro, a empresa familiar de quase meio século de existência, fundada em 1977, planeja lançar uma linhas de produtos licenciados pelo Palmeiras. Serão vitaminas, isotônicos e até, possivelmente, os hidratantes labiais – os populares carmeds. Todos terão design exclusivo inspirados no time alviverde.

“São produtos de categorias massivas, não é que o consumidor vai comprar uma vez só e vai parar de comprar. Ele recompra. Esse é um formato completamente diferente. Por isso que eu falo que essa gestão, junto com a nossa proposta, trouxe uma inovação do patrocínio”.
Sexta empresa a expor sua marca no Palmeiras em 2025, a Cimed retornou ao clube após quase dois anos. Entre setembro de 2022 e fevereiro de 2024, a empresa estampou sua marca nas mangas do uniforme da equipe feminina e no peito dos times de base de futsal. A parceria terminou dez meses antes do previsto.
Não houve, ele garante, nenhum problema que motivou o rompimento. “A visibilidade que o Palmeiras tem realmente é no masculino. Quando a gente vê o que tinha possibilidade ali versus o retorno que a marca tinha pensei que era melhor parar e quando tivesse a oportunidade a gente voltava”, explicou.
O relacionamento com Leila Pereira, com quem compartilha princípios, foi importante para que a parceria fosse retomada. “Ela é uma superempresária”, enaltece Adibe. “Pra você ver como a gente é fiel a ela. Enquanto for a presidente, a Cimed vai estar do lado”.
A Leila revolucionou o futebol brasileiro. Pela competência, pela forma de realizar, pela persistência, pelo legado que deixou. Para mim, é um exemplo de gestão. Sempre estive do lado, sempre apoiei e apoio.
João Adibe sobre Leila Pereira
Adibe, cujo lema é “sucesso não aceita preguiça”, tem uma coleção de carros de luxo – todos amarelos, entre elétricos, híbridos e esportivos – e é entusiasta de automobilismo, tanto que já foi piloto da Stock Car e era dono da Cimed Racing, equipe que competiu e foi campeã da categoria em 2015 e 2016 com os pilotos Marcos Gomes e Felipe Fraga, respectivamente.

Ele também investe atualmente em Náutico, Cruzeiro e na seleção brasileira, que a empresa patrocina desde 2015. São em torno de 200 milhões por ano investidos em marketing.
O contrato com a CBF foi renovado em 2024, ainda na gestão de Ednaldo Rodrigues, e deve render R$ 100 milhões à entidade em quatro, entre repasses e ações promocionais.
“A seleção brasileira sempre foi a nossa a grande plataforma”, afirma. “Qual é o grande grande ativo que é a seleção? Você ser patrocinador da maior seleção do mundo”, acrescenta o executivo, que considera valer a pena investir alto no Brasil a despeito do número reduzido de partidas por ano.
A gente tem uma dificuldade muito grande de ativar a seleção brasileira porque a seleção joga pouco. Ela teria que entregar para a gente no mínimo oito jogos por ano. Tão presente e tão ausente ao mesmo tempo. Mas quando é presente é forte, acende a chama na hora, por isso que para nós é bem legal.
João Adibe sobre investimento na seleção brasileira
O avô de João Adibe, João Marques, foi pioneiro do ramo farmacêutico no Brasil, ao fundar na década de 1950 o laboratório Prata. Seu pai, João de Castro Marques, também trabalhou na empresa, da qual saiu posteriormente para fundar a Cimed.
Habitualmente vestindo um polo amarela, Adibe administra a empresa com a irmã Karla. Os irmãos estão à frente da companhia, dividem o comando do grupo e preparam a terceira geração da holding familiar, já que um filho dele e dois dela têm cargos na companhia.
A farmacêutica preparou um plano estratégico para passar dos R$ 3 bilhões de faturamento em 2023 aos R$ 5 bilhões em 2025. Até 2030, planeja faturar R$ 10 bilhões.
Fonte: Estadão