A fabricante de medicamentos prevê aumentar os canais de vendas para bater a meta de R$ 5 bi na receita bruta de 2025, com alta de 66,6%
Por Natália Flach — De São Paulo
01/03/2024 05h01 Atualizado há 5 horasPresentear matéria
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_63b422c2caee4269b8b34177e8876b93/internal_photos/bs/2024/4/D/hZozEcSeyMAxLIMxIAbg/foto01emp-101-cimed-b9.jpg)
Depois de fechar 2023 com receita bruta de R$ 3 bilhões, agora a meta da farmacêutica Cimed é alcançar R$ 5 bilhões em 2025, com alta de 66,6% sobre o ano passado. Para tanto, a fabricante de medicamentos genéricos vai entrar no segmento de produtos para bebês e passar a vender perfumes e maquiagens de porta em porta, a partir do segundo trimestre.
A receita líquida da companhia no ano passado foi de R$ 2,25 bilhões e o lucro, R$ 291 milhões. Mas, nesse caso, as metas para 2024 não foram reveladas.
As iniciativas são fruto de duas aquisições que estão em andamento, mas a companhia não revela os nomes das empresas nem o valor das operações. No ano passado, a empresa adquiriu a R2N, que fabrica lenços umedecidos em Chapecó (SC) e em Santa Rita do Sapucaí (MG). Neste mês, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou a transação.
“Vamos entrar em um player que tem linha de ‘baby care’ no Brasil e lançar a marca João e Maria”, afirma João Adibe, presidente da Cimed, em entrevista ao Valor. Segundo o executivo, existe espaço para a empresa crescer nesse mercado, que gira em torno de R$ 36 bilhões. Isso porque as farmacêuticas respondem por apenas R$ 200 milhões desse total.
Sobre o novo canal de vendas, o executivo diz que o modelo porta a porta precisa ir além das tradicionais ‘revistinhas’. Daí, a ideia da companhia de levar mais tecnologia para as suas revendedoras.
“Elas são vendedoras analógicas, o que acaba impactando a entrega dos produtos. Queremos mudar essa lógica.” A ideia é que elas possam retirar os produtos nas drogarias para, em seguida, entregar aos clientes finais. “Assim, estamos esticando o balcão das farmácias até a rua.”
Demanda para os produtos é o que não falta. O Brasil é o quarto maior mercado de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, segundo a empresa de pesquisa Euromonitor. Isso representa um mercado de US$ 26,8 bilhões.
A Cimed não ganhará nada a mais por esses serviços. Na verdade, a ideia é proporcionar condições para que mais produtos sejam vendidos – o que vai ajudá-la a bater a meta de faturamento de R$ 5 bilhões.
Mas isso não virá sem custos. Além do valor das aquisições, a empresa terá que aumentar a sua produção. Para isso, vai investir entre R$ 120 milhões e R$ 150 milhões nos próximos dois anos para construir uma fábrica de produtos de higiene e consumo, que ficará responsável pela produção de repelentes, hidratantes labiais e perfumes.
Outra fonte de receita deverá vir da entrada no mundo da estética. A Cimed pretende oferecer para clínicas de dermatologistas e dentistas produtos usados em procedimentos, como preenchimento labial, botox etc. “Esse mercado é de R$ 5 bilhões no Brasil, é muito pequeno ainda frente ao potencial. Isso acontece porque está restrito às classes mais altas. O meu propósito é democratizar esse acesso, e isso começa com o barateamento dos produtos usados pelos profissionais”, explica.
Adibe também quer mudar a lógica do varejo farmacêutico. A proposta é que a farmácia passe a pagar à Cimed somente quando vender os produtos, que estarão lá em estoque. “Assim, ela passará de uma compradora para uma vendedora dos nossos medicamentos e itens de consumo e higiene. Isso vai dar o capital de giro que ela precisa.”
Nessa empreitada, a companhia conta com os sistemas da Salesforce e da SAP, além de uma parceria com o Safra Pay. “Os nossos maiores clientes hoje são as pequenas farmácias, que não chegam a ter uma faturamento de R$ 50 mil. O que estamos criando é um ecossistema tecnológico de saúde e bem-estar.”
Mas não é só isso. A Cimed também está ganhando predicados e se estruturando para um dia abrir o capital. Adibe diz que hoje não precisa de uma injeção de dinheiro, pois as aquisições em curso cabem no orçamento da farmacêutica. Mas o executivo prevê que o setor passará por consolidações, e a Cimed quer estar na ponta compradora. “O que me interessa são segmentos em que eu não atuo ainda”, explica.
Fonte: Valor Econômico