Os principais líderes da China intensificaram os esforços para impulsionar o crescimento com promessas de apoiar os gastos públicos e estabilizar o combalido setor imobiliário do país, na esteira de várias medidas anunciadas esta semana.
A reunião do presidente Xi Jinping com o Politburo terminou com a promessa de empenho para atingir as metas econômicas do governo, informou a agência oficial de notícias Xinhua nesta quinta-feira. As autoridades prometeram medidas para fazer com que o mercado imobiliário “pare de cair”, depois que os preços de moradias novas sofreram a maior queda mensal desde 2014 em agosto.
O governo também limitará rigorosamente a construção de novos projetos imobiliários para aliviar o excesso de oferta, disse o Politburo, embora esse tipo de construção tenha quase parado.
Embora o Politburo não tenha dado detalhes sobre gastos públicos, o Ministério das Finanças planeja emitir 2 trilhões de yuans (US$ 284,43 bilhões) em títulos soberanos especiais este ano, informou a Reuters. A captação seria usada para estimular o consumo e ajudar governos locais com problemas de dívida.
“Dois trilhões de yuans superam em muito as expectativas”, disse Bruce Pang, economista-chefe para China na Jones Lang LaSalle. “É um grande estímulo fiscal que sustenta tanto o aumento do consumo quanto a redução de riscos.”
O pacote de medidas, incluindo a captação, impulsionaria o crescimento da economia em 0,2 ponto percentual e ajudaria o governo a atingir sua meta anual de cerca de 5%, acrescentou.
A declaração da liderança chinesa foi notável por sua linguagem detalhada sobre ferramentas políticas específicas, como apelos para a implementação “enérgica” de cortes de juros, em contraste com declarações tipicamente vagas e gerais. Isso ressalta uma sinalização direta para os mercados.
A declaração “também cortou termos usuais como ‘prudente’ antes de política monetária. Tudo isso sugere um senso de urgência”, disse Larry Hu, chefe de economia da China no Macquarie Group.
As instruções sobre o setor imobiliário na declaração também marcaram “a primeira vez desde o início da crise que o Politburo visou explicitamente uma recuperação do mercado”, disse Julian Evans-Pritchard, chefe de economia da China na Capital Economics.
O foco na economia na reunião deste mês — pela primeira vez desde 2018 — também foi incomum, já que essa agenda geralmente é reservada para as reuniões do Politburo de abril, julho e dezembro.
Líderes pediram “calma” ao lidar com os atuais desafios econômicos, mas pareciam reconhecer que é hora de uma mudança de marcha. Eles deram instruções claras para “enfrentar as dificuldades, fortalecer a confiança e aumentar seriamente o senso de responsabilidade e urgência de fazer bem o trabalho econômico”.
Os economistas, em geral, viram a declaração como uma mudança em relação à abordagem fragmentada anterior para impulsionar a economia, mesmo que a extensão de qualquer estímulo fiscal permaneça incerta.
Fonte: Valor Econômico

