Por Agências internacionais
29/11/2022 09h40 Atualizado
A China sinalizou nesta terça-feira (29) com um recuo da utilização maciça de lockdowns para conter surtos de covid-19. Pequim culpou autoridades locais pelos problemas na gestão da pandemia e pediu que as cidades limitem o uso de medidas excessivamente restritivas.
Nesta terça-feira (29), a importante cidade industrial de Zhengzhou, que abriga a maior fábrica de iPhones do mundo, anunciou a revogação do lockdown. O recuo da utilização de lockdowns, que foi defendida pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), traz o risco de aumentar drasticamente o número de casos e mortes por covid-19, mas pode também acelerar a recuperação econômica da China.
A partir desta quarta-feira (30), Zhengzhou removerá os chamados controles de mobilidade — um eufemismo para lockdown — e os substituirá por “medidas normais de combate à covid”, segundo uma postagem na conta oficial do WeChat do governo local. As empresas poderão retomar as operações de forma ordenada e as pessoas fora das áreas de alto risco não serão submetidas a testes obrigatórios regulares, desde que não saiam de casa.
Em um esforço para tornar seus controles da covid mais direcionados, em linha com as diretrizes de Pequim, as autoridades de Zhengzhou emitiram uma longa lista de edifícios que seriam declarados de alto risco, abrangendo a região metropolitana, o que significa que eles continuarão sujeitos a restrições no estilo de lockdowns.
Em Urumqi, a capital de Xinjiang, em uma aparente tentativa de aliviar as tensões, as autoridades anunciaram pagamentos únicos em dinheiro de 300 yuans (US$ 42) e outros incentivos para “facilitar a vida das pessoas”. Também relaxaram os lockdowns que se arrastavam por mais de três meses.
No centro industrial do sul de Guangzhou (Cantão), os moradores receberam isenções de testes obrigatórios no que a cidade disse ser uma tentativa de “reduzir riscos e economizar recursos”.
Para o FMI, é hora de a China se afastar dos lockdowns maciços e adotar uma abordagem mais direcionada no combate à covid-19. A diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, pediu nesta terça-feira (29) uma “recalibragem” da abordagem da China, citando o “impacto” da covid-zero “nas pessoas e na economia”. Ela também recomendou o governo chinês a se concentrar em vacinar as “pessoas mais vulneráveis”.
A baixa taxa de vacinação entre os idosos é uma das principais razões pelas quais Pequim recorreu aos lockdowns, pois as autoridades temem que o contágio em massa entre pessoas mais velhas desprotegidas possa sobrecarregar a infraestrutura de saúde do país. Mas o surgimento de variantes mais contagiosas colocou uma pressão crescente no esforço para eliminar o vírus na segunda maior economia do mundo.
O governo chinês disse ontem que vai reforçar a necessidade de vacinação entre os mais velhos. Mas evitou anunciar a obrigatoriedade da vacinação, o que ajudou a elevar as taxas de imunização em outros países. Em vez disso, Pequim disse que vai concentrar a vacinação contra a covid em locais como casas de repouso. Além disso, pessoas que não desejarem ser vacinadas precisarão fornecer um motivo, segundo comunicado divulgado nesta terça-feira (29) pela Comissão Nacional de Saúde. O governo também usará big data para identificar idosos que precisam da vacina.
Na China, apenas 69% da população com 60 anos ou mais e só 40% das pessoas acima de 80 anos receberam doses de reforço. Nos EUA, mais de 70% das pessoas com mais de 65 anos já tomaram o primeiro reforço, enquanto 44% receberam uma segunda dose extra.
O país de 1,4 bilhão de pessoas registrou 37.477 novos casos de transmissão local do vírus nesta terça-feira (29), um pouco abaixo do recorde de 38.808 do dia anterior.
Fonte: Valor Econômico

