Por Nikkei
28/02/2023 05h02 Atualizado há 5 horas
As sanções ocidentais impostas à Rússia em razão da guerra na Ucrânia criaram uma abertura para os automóveis e eletrônicos chineses ampliarem suas participações de mercado no país.
Os grupos chineses Chery Automobile, Great Wall Motor e Geely Automobile conquistaram vendas combinadas de 16,5% dos novos veículos de passageiros e pequenos veículos comerciais na Rússia em 2022, participação que no ano anterior foi de 6,3%, segundo a Associação das Empresas Europeias.
A Chery aumentou suas vendas na Rússia em 31%, para 53 mil veículos, embora o volume de vendas da Geely tenha caído 0,7% para 24 mil unidades.
A participação de mercado das marcas chinesas caminha para superar a marca de 25% neste ano, segundo a mídia russa, à medida que as montadoras se beneficiam da facilidade de manutenção de peças vindas da China.
Assim como a Índia e muitos outros países, a China não aderiu às sanções ocidentais contra a Rússia. As relações entre a China e a Rússia “estão progredindo e crescendo ininterruptamente e estamos alcançando novos marcos”, disse o presidente russo, Vladimir Putin, em um encontro com o principal diplomata chinês, Wang Yi, em Moscou na semana passada.
O comércio entre os dois países cresceu 30% no ano passado, segundo a Administração Geral das Alfândegas da China, estabelecendo novo recorde pelo segundo ano consecutivo.
Desde que Moscou invadiu a Ucrânia, um ano atrás, a maioria das montadoras estrangeiras interrompeu a produção na Rússia. A Mercedes-Benz e a Toyota estão entre as empresas que disseram que sairão do mercado russo.
No geral, as vendas de automóveis novos na Rússia caíram 59% no ano passado, para cerca de 690 mil veículos. As vendas de marcas estrangeiras caíram cerca de 80%, beneficiando as marcas chinesas e russas.
A participação de mercado da principal montadora russa, AvtoVAZ, subiu 6 pontos, para 27,4%, mas o volume de vendas da fabricante Lada despencou 46% por causa da falta de peças e de paralisações da fábrica.
A reorientação das empresas chinesas para o mercado automobilístico russo é mais profunda e não se resume às vendas.
Quando a francesa Renault deixou uma fábrica em Moscou no ano passado, a Moskvich, uma marca ressuscitada da era soviética, assumiu seu controle e começou a produzir em novembro. O design usado se baseia nos carros montados pela Anhui Jianghuai Automobile Group, empresa estatal de médio porte da China conhecida como JAC, e muitos dos componentes são fabricados na China.
Segundo a mídia russa, a AvtoVAZ estaria analisando a possibilidade de trabalhar com uma fabricante de carros chinesa em uma linha de montagem de São Petersburgo abandonada pela Nissan Motor. A parceria produziria até 10 mil veículos de luxo por ano.
Esse padrão de substituição de participação de mercado também foi observado na área de produtos eletrônicos de consumo.
Liderados pela Xiaomi, os smartphones fabricados na China detinham 80% do mercado russo no ano passado, em comparação com 45% em 2021, segundo estimativas de uma empresa russa do setor privado.
Antes da guerra contra a Ucrânia, o iPhone era o celular preferido dos russos que tinham condições para comprá-lo. Embora a Apple tenha saído da Rússia oficialmente, em resposta à invasão, os russos ainda podem conseguir iPhones por meio de importações clandestinas. Mas os preços ainda mais altos parecem ter prejudicado a participação de mercado da marca.
A chinesa Huawei Technologies tornou-se a segunda maior vendedora de notebooks da Rússia no ano passado, em termos de em participação de mercado, um salto com relação ao oitavo lugar que ocupava em 2021. A americana HP, por sua vez, caiu do primeiro para o quarto lugar em 2022.
Fonte: Valor Econômico

