Por Nikkei Asia — Xangai
20/12/2022 09h51 Atualizado há 35 minutos
Os governos locais em toda a China estão lutando para aumentar a capacidade hospitalar de suas regiões e estão racionando medicamentos anti-inflamatórios para conseguir atender a todos os pacientes com covid-19, na maior alta de casos na China desde 2020.
Duas semanas depois que a China acabou com a política de “covid zero”, o aumento de infecções é notório em hospitais inundados de pacientes. Muitas famílias, entretanto, estão tendo suas compras diárias de alimentos interrompidas com a falta de entregadores devido à doença.
“O hospital está cheio de pacientes com covid-19 que procuram tratamento e remédios”, disse um médico da província de Guangxi, no sul. “Mas muitos médicos do departamento de febre e pronto-socorro foram infectados nos últimos dias e estamos com falta de pessoal”.
“Médicos de outros departamentos estão sendo convocados para o departamento de febre para ajudar, e todo o hospital está sob pressão como resultado.”
Nas grandes cidades, os hospitais também estão inundados. Em Pequim, mais de mil clínicas de febre foram criadas nos últimos dias, já que o aumento repentino de infecções colocou uma “enorme pressão” nos recursos médicos, segundo a agência de notícias estatal “Xinhua”.
Em Xangai, que está lutando para expandir a capacidade hospitalar para conter o aumento, um aviso de recrutamento para profissionais da saúde apareceu online nesta terça-feira solicitando com urgência 100 paramédicos e motoristas de ambulância.
Na cidade de Zhuhai, província de Guangdong, as autoridades ordenaram que 500 farmácias retirassem os comprimidos anti-inflamatórios de suas embalagens e limitassem as vendas a seis comprimidos por cliente por semana.
Famílias em todo o país estão tendo dificuldade em comprar produtos essenciais online, pois o vírus atinge os entregadores dos correios. “Compras comuns, como cebola e leite, simplesmente não estão chegando”, disse uma dona de casa em Xangai que fez uma compra online na semana passada.
A China relatou na terça-feira 2.656 novos casos de covid-19 e cinco mortes, ante duas no dia anterior. Acredita-se que os números reais sejam maiores, pois o país parou de contar casos assintomáticos no dia 14 de dezembro.
“Se Pequim permitir que a covid se espalhe e não reimponha as restrições, a maioria das províncias provavelmente experimentará um pico de casos e mortes entre agora e meados de março, com o país enfrentando o pior surto no final do primeiro trimestre de 2023”, de acordo com uma projeção do Eurasia Group.
O surto ameaça se tornar internacional, alertam analistas, já que as autoridades da aviação chinesa planejam aumentar o serviço doméstico e internacional. Espera-se que os voos de e para a China atinjam 88% de seus níveis pré-pandêmicos até o final de janeiro. Os analistas dizem que a crise no fornecimento de medicamentos e a quebra na cadeia logística da China também podem se espalhar pelo mundo.
Fonte: Valor Econômico

