O banco central chinês manteve na terça-feira suas duas taxas básicas de juros (LPRs), referenciais para empréstimos, inalteradas para este mês, num momento em que os bancos chineses estão concedendo financiamentos no nível mais baixo em aproximadamente uma década e meia.
O Banco do Povo da China (PBoC) manteve a LPR de um ano em 3,35% ao ano e a LPR de cinco anos em 3,85% ao ano. As duas taxas de juros foram haviam sido reduzidas em 10 pontos-base em julho.
A LPR de um ano serve como uma taxa de referência para empréstimos corporativos, enquanto a LPR de cinco anos serve como uma taxa de referência para hipotecas. Mas a demanda por financiamento continua fraca entre empresas e famílias, em grande parte devido à crise imobiliária prolongada que a China enfrenta.
Em julho, novos empréstimos denominados em yuan caíram 25% em relação ao ano anterior, para 260 bilhões de yuans (US$ 36,4 bilhões), em uma base líquida — o menor nível desde outubro de 2009.
Empréstimos de longo prazo caíram cerca de 30% devido às vendas fracas de imóveis. Empréstimos comerciais, incluindo para investimentol, recuaram em mais de 50%.
A demanda por empréstimos corporativos e residenciais caiu para uma baixa histórica no trimestre de abril a junho, de acordo com um índice calculado com base em uma pesquisa do PBoC com cerca de 3.200 bancos.
Os bancos se moveram para cortar custos associados a depósitos em uma tentativa de aumentar a lucratividade. Em vez de tomar empréstimos, as empresas podem sacar depósitos para usar como capital de giro.
A oferta de moeda M1, que combina dinheiro em circulação com depósitos corporativos sob demanda, caiu 6,6% em julho em relação ao mesmo mês do ano anterior.
Alguns participantes do mercado especulam que o PBoC reduzirá os juros novamente até o fim do ano para estimular a economia, aumentando a oferta de moeda ao diminuir as taxas de empréstimo ou ao reduzir a taxa de reserva obrigatória a que os bancos comerciais estão submetidos.
Mas margens decrescentes em bancos e outros obstáculos podem dificultar um movimento em direção à flexibilização.
A margem de lucro geral em bancos comerciais chegou a 1,54% em junho, de acordo com a Administração Reguladora Financeira Nacional. O número caiu para níveis recorde, permanecendo praticamente inalterado desde março.
Cortes adicionais nas taxas de empréstimo preferenciais podem pressionar para baixo as taxas de juros e a lucratividade dos bancos. Isso, por sua vez, pode prejudicar negativamente a alienação de empréstimos inadimplentes, aumentando os riscos financeiros.
Fonte: Valor Econômico

