utoridades americanas e chinesas concluíram neste domingo (14) o primeiro dia de negociações em Madri, em meio a iminência do fim do prazo para o desinvestimento do aplicativo chinês TikTok, e às exigências de Washington para que seus aliados imponham tarifas sobre produtos da China — devido às suas compras de petróleo russo.
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O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, disse ao deixar o Palácio de Santa Cruz, que abriga o Ministério das Relações Exteriores da Espanha: “Recomeçaremos pela manhã”.
As conversas entre as delegações lideradas por Bessent e o representante comercial dos EUA (USTR), Jamieson Greer, com o vice-premiê chinês, He Lifeng, e o principal negociador comercial da China, Li Chenggang, terminaram após cerca de seis horas.
Esta é a quarta vez em quatro meses que as delegações se reúnem em cidades europeias para tentar impedir que a relação comercial entre EUA e China entre em colapso devido às tarifas do presidente Donald Trump.
Eles se encontraram pela última vez em Estocolmo, em julho, onde concordaram, em princípio, em estender por 90 dias uma trégua comercial que reduziu drasticamente as tarifas retaliatórias de três dígitos de ambos os lados e retomou o fluxo de minerais de terras raras da China para os EUA. Trump aprovou a extensão das atuais tarifas americanas sobre produtos chineses, que somam cerca de 55%, até 10 de novembro.
Especialistas em comércio avaliam que há pouca probabilidade de um avanço substancial nas negociações promovidas pela Espanha. O resultado mais provável das negociações de Madri é visto como uma nova extensão do prazo para a ByteDance, proprietária chinesa do popular aplicativo TikTok, vender suas operações nos EUA até 17 de setembro, sob pena de ser banida nos EUA. Uma fonte a par das discussões do governo Trump sobre o futuro do TikTok disse que o prazo seria estendido pela quarta vez desde que Trump assumiu o cargo em janeiro.
“Não espero nada substancial entre os EUA e a China, a menos que haja uma reunião individual entre Trump e o presidente chinês Xi Jinping. Viabilizar isso é o verdadeiro objetivo dessas negociações”, disse William Reinsch, pesquisador sênior e especialista em comércio do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, um think tank de Washington.
“Esta reunião [em Madri] é uma oportunidade para avaliar as posições de cada um e aprender mais sobre as linhas vermelhas de cada lado”, disse Reinsch.
Wendy Cutler, ex-negociadora comercial do USTR e chefe do Asia Society Policy Institute em Washington, disse que também espera que “resultados” mais substanciais sejam guardados para um possível encontro entre Trump e Xi no final deste ano, talvez durante a cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico em Seul, em outubro. “Francamente, não acho que a China tenha pressa em fechar um acordo sem obter concessões substanciais em controles de exportação e tarifas mais baixas, que são suas principais prioridades.”
Antes das negociações de ontem, a China lançou duas investigações contra a indústria de semicondutores americana, incluindo uma investigação antidumping relacionada a certos chips de circuitos integrados analógicos fabricados nos EUA. As investigações ocorreram logo após os EUA adicionarem mais 23 empresas chinesas à sua lista de entidades, que impõe restrições a empresas consideradas “contrárias à segurança nacional ou aos interesses da política externa dos EUA”.
Fonte: Valor Econômico

