A China prometeu hoje que irá retaliar as novas tarifas anunciadas na quarta-feira (2) pelo presidente Donald Trump, que elevou as taxas de importação sobre dezenas de países, intensificando as tensões entre as superpotências.
O Ministério do Comércio da China afirmou que “se opõe firmemente” às tarifas dos EUA e “tomará contramedidas resolutas para proteger seus próprios direitos e interesses”. A declaração foi feita horas depois que Trump anunciou amplas tarifas “recíprocas” sobre dezenas de países, incluindo uma taxa de 34% sobre a China, que entrará em vigor em 9 de abril, além dos 20% adicionais em tarifas que ele já havia imposto sobre produtos do país.
A China disse que os EUA estavam “ignorando” os benefícios que obtêm do sistema comercial global. “As chamadas ‘tarifas recíprocas’, que se baseiam em avaliações subjetivas e unilaterais dos Estados Unidos, não estão em conformidade com as regras do comércio internacional, prejudicam seriamente os direitos e interesses legítimos das partes envolvidas e são um típico ato de intimidação unilateral”, afirmou o Ministério do Comércio.
A pasta não detalhou quais contramedidas a China poderia tomar. Em uma coletiva de imprensa, o porta-voz do ministério, He Yadong, enfatizou que Pequim espera “resolver várias questões por meio de consultas em pé de igualdade”. Quando rodadas anteriores de tarifas de Trump contra a China entraram em vigor, Pequim retaliou rapidamente com tarifas direcionadas, bem como controles de exportação e outras medidas.
Guo Jiakun, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, repetiu hoje que a China “se opõe firmemente” à política tarifária dos EUA, que “mina seriamente” o sistema comercial baseado em regras, e instou Washington a resolver as diferenças comerciais por meio de consultas.
Wang Wen, professor do Instituto Chongyang de Estudos Financeiros da Universidade Renmin da China, disse esperar que as novas tarifas causem mais danos aos consumidores americanos com o tempo. Ele afirmou que Pequim tem muitas ferramentas para reagir, incluindo a imposição de tarifas equivalentes, a desvalorização de sua moeda e a restrição adicional da exportação de minerais de terras raras necessários para eletrônicos de alta tecnologia. “Os chineses acreditam que Trump é volátil e hipócrita. E o governo chinês é capaz de responder bem a Trump”, disse Wang. “Trump fez dos EUA um inimigo público do mundo… Isso é um comportamento muito tolo.”
Os economistas estimam que a China agora enfrenta tarifas médias de, pelo menos, mais de 65% sobre seus mais de US$ 500 bilhões em exportações para os EUA. Ao mesmo tempo, as altas tarifas dos EUA sobre países asiáticos vizinhos, incluindo o Vietnã, criam um novo obstáculo para os exportadores chineses que buscavam usar esses mercados para contornar as tarifas americanas contra a China.
“Os países asiáticos, em particular, foram duramente atingidos, causando-lhes uma forte dor econômica, dado que suas economias são impulsionadas pelas exportações”, disse Wendy Cutler, vice-presidente do Instituto de Políticas da Sociedade da Ásia. Ela previu que o crescimento econômico global “começará a despencar à medida que os fluxos comerciais diminuem, os preços aumentam e as empresas adiam investimentos”.
Fonte: Valor Econômico

