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Autoridades do governo chinês deram mais detalhes nesta segunda-feira (17) sobre as medidas sendo tomadas para tentar incentivar a demanda local e fazer os consumidores gastarem mais, em meio à guerra de tarifas lançada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, que ameaça restringir as exportações chinesas.
O banco central chinês estudará a criação de novas ferramentas para aumentar o financiamento de baixo custo a importantes áreas de consumo, segundo Che Shiyi, do Banco do Povo da China, o banco central do país.
No lado dos gastos, o governo já liberou em janeiro uma primeira parte de 81 bilhões de yuans (US$ 11,2 bilhões) para governos locais de um programa de descontos para estimular as vendas de carros e eletrodomésticos, segundo o vice-presidente da Comissão Nacional de Reforma e Desenvolvimento da China, Li Chunlin.
As autoridades falaram em entrevista coletiva um dia depois de o governo, junto com o Partido Comunista, ter divulgado um plano com várias frentes para tentar elevar os gastos dos consumidores. As medidas parecem ter sido criadas para mostrar que o governo está comprometido em reanimar uma economia enfraquecida.
“Embora haja poucos novos detalhes sobre como o governo incentivará os gastos, os destalhes do plano mostram uma maior determinação para enfrentar o problema do consumo na China neste ano”, escreveu Lynn Song, economista-chefe para a Grande China no banco ING, em relatório sobre o plano.
Novos dados oficiais divulgados na segunda mostram sinais de melhora nos primeiros dois meses do ano, embora a fraqueza do mercado imobiliário continue a pesar sobre o crescimento.
As vendas no varejo subiram 4% em janeiro e fevereiro em comparação ao mesmo bimestre de 2024, acima do previsto. A produção industrial cresceu 5,9%, segundo a Agência Nacional de Estatísticas. Os dados acima das previsões ajudaram a impulsionar os mercados de ações na Ásia.
Um porta-voz da agência disse que a economia ruma na direção certa, mas advertiu que ainda há desafios tanto internos quanto externos. Trump já impôs tarifas de 20% sobre os produtos chineses, capazes de afetar a economia do país, altamente dependente das exportações, e, no domingo à noite, reiterou a intenção de impor mais tarifas no início de abril.
“O ambiente externo tornou-se mais complexo e sombrio, a demanda interna efetiva é insuficiente, algumas empresas estão enfrentando dificuldades na produção e operação, e a base para a recuperação contínua da economia ainda é instável”, disse Fu Linghui, porta-voz da agência, em entrevista coletiva.
Ele acrescentou, no entanto, que o comércio exterior da China mostrou resiliência.
“O sistema industrial da China é completo, e suas capacidades de inovação estão melhorando gradualmente “, disse. “Há uma fundação e as condições para o desenvolvimento estável do comércio exterior.”
A longa crise imobiliária tem enfraquecido a confiança do consumidor e os gastos. O investimento em imóveis caiu 9,8% nos dois primeiros meses do ano, segundo a agência de estatísticas.
A boa notícia é que o declínio dos preços imobiliários desacelerou, embora ainda não tenha encontrado um piso. Os preços de casas novas e usadas caíram em janeiro e fevereiro, mas em ritmo bem mais lento do que na maior parte de 2024.
O banco ING prevê que os preços dos imóveis interromperão a queda em 2025, mas provavelmente não se recuperarão rapidamente.
“Os dados de fevereiro mostraram que seria prudente para as autoridades não tirarem o pé do acelerador em termos das políticas de apoio”, escreveu Song em um relatório.
O plano divulgado no domingo inclui várias iniciativas, desde a aceleração do desenvolvimento de produtos relacionados à inteligência artificial (IA), como direção autônoma e dispositivos vestíveis inteligentes, até o incentivo ao turismo de inverno em regiões do país com muita neve, de acordo com a agência oficial de notícias “Xinhua”.
Também inclui medidas para incrementar o poder de compra, expandindo os benefícios para idosos e o seguro-saúde para residentes rurais, segundo a “Xinhua”.
No início de março, o governo anunciou que o programa de descontos para pessoas que trocam eletrodomésticos ou automóveis antigos por novos, agora em seu segundo ano, dobraria para 300 bilhões de yuans em 2025.
Fonte: Valor Econômico

